O advento da internet nos mudou. A forma como lidamos com estudo, pesquisa, trabalho e nossos hobbys foi alterado. Definitivamente. Para sempre. Você ainda vê alguém vendendo Barsa por aí? Pois é! Enfim, já ouviram falar na teoria da “Cauda Longa”? Para elucidar o ponto que quero levantar apresento de forma sucinta e superficial do que se trata: a teoria problematiza que a internet facilitou com que a especificidade e preferência de cada indivíduo seja valorizada. Essa valorização gera uma demanda a ser suprida. Diferente do que víamos há poucas décadas atrás, onde, geralmente, o que você “gostava” era o que todos os seus amigos “gostavam”. O “filtro”, refiro-me aos detentores do poder (dinheiro, caras) de propagação favorecia isso, afinal, o “filtro” potencializava o que era comercial. A internet quebrou isso. Esta teoria, de forma superficial, explica a razão de nerds (e outras “tribos”), outrora desvalorizados, se tornarem “popstars” na internet com seus canais de vídeos, áudio e ainda mais. A demanda existe e sempre existiu e sem o “filtro” que julgava o que era comercializável ou não, a cultura nerd (e outras) explodiram.
O advento da internet nos mudou. A forma como lidamos com estudo, pesquisa, trabalho e nossos hobbys foi alterado. Definitivamente. Para sempre.
Assim, nosso hobby, os games, se tornaram não só um sucesso comercial, como uma cultura riquíssima na internet. Centenas de sites apareceram destacando notícias, gerando milhares de cliques e favorecendo com que tivéssemos um espaço riquíssimo para discutir de forma madura (será?) nossa cultura gamer. Você via por tudo quanto é lado na web tupiniquim espaços onde as pessoas discutiam de forma incansável qual a melhor marca, qual o game do ano e as razões do console do seu amigo ser inferior ao seu (é! Faz parte). Opa! Pera… Você reparou no “Você via” que usei ali atrás? O verbo no passado não te intriga?! Pois deveria. Este é o ponto deste artigo.
Meu texto não se trata de um estudo acadêmico comprovado e corroborado por empirismo ou pesquisas, trata-se apenas de uma observação que quero dividir e naturalmente fique à vontade para fazer suas objeções. Aliás, caso não tenha percebido essa é a intenção com a provocação que aqui deixo. Afinal, onde ESTÃO OS COMENTÁRIOS DAQUELES QUE “DISCUTIAM DE FORMA INCANSÁVEL”?
Naturalmente observo o trabalho que a equipe do Rodando Planeta Gamer faz e comparo com outros sites maiores e com audiências muito mais dantescas que a nossa. Mas, nossa comunidade parece inflada diante do que outras têm feito. Observe abaixo.
Vamos aos exemplos.
1. Baixakijogos. Recentemente entregaram o review de PES 2016. Notavelmente um dos gêneros mais populares aqui no Brasil. Dispensa explicação para a afirmação devido sua obviedade. 32.344 visualizações. 67 comentários.
2. Gamesfoda. Antes do lançamento de Metal Gear Solid V, o site entregou a retrospectiva mais completa que li na internet brasileira. O site já possui uma audiência bem consolidada. 7 comentários.
3. Alvanista. Uma interessante rede social brasileira exclusiva para gamers. Um dos artigos “featured” do site e com considerável qualidade sobre Bioshock. 2 comentários.
4. WiiU Brasil. Um dos mais importantes sites sobre notícias Nintendo no Brasil e que entregam bom conteúdo, inclusive a análise de Splatoon, um dos mais destacados lançamentos de WiiU neste ano. 26 comentários.
5. IGN Brasil. Bom, é a IGN. Precisa de apresentação? Análise de Metal Gear Solid V: The Phantom Pain. Um dos candidatos a GOTY 2015. 128 comentários.
Por mais rápido que você consiga digitar em um teclado touchscreen, admita, não é a mesma coisa que ter um teclado em sua frente para digitar suas explanações e defesas.
Note que escolhi exemplos diversos, com audiências amplas e com temas dos mais desejados sobre nosso hobby para ilustrar meu ponto. O que os 5 exemplos têm em comum? Os comentários. Aliás, poucos comentários.
O que está acontecendo? Me lembro que até pouco tempo atrás encontrávamos um mesmo tópico com páginas e páginas de discussão pelos fóruns da vida. Sites já falecidos com reviews explodindo com mais de 200 comentários. Cada notícia era um motivo para levantarmos uma discussão efervescida com mais de 600 caracteres. Cada novo dia era motivo para um flamer. Talvez eu não sinta falta dos flames, admito, mas, sinto falta das discussões e dos diversos pontos de vista com uma ou outra exaltação aqui e ali para dar aquele toque especial.
Não consigo apontar com exatidão o que ocasionou esta “queda” nos comentários da internet como um todo, seria necessário um estudo mais amplo e que oferecesse resultados aceitáveis, mas, um dos pontos que considero é o advento dos poderosos smartphones e sua facilidade para acesso e leitura de nossos meios de informação. Eles, os pequenos “computadores”, tem a digna qualidade de ofertar uma ótima leitura, mas, uma péssima forma de interação para comentar. Por mais rápido que você consiga digitar em um teclado touchscreen, admita, não é a mesma coisa que ter um teclado em sua frente para digitar suas explanações e defesas. Quem sabe não é um dos sete pecados capitais, a preguiça, te atrapalhando a comentar mais?
E você? O que acha que está faltando para que a web volte a bombar com comentários dos seus leitores? Onde está a “falha”? Onde ocorreu a mudança? Discorde (ou concorde) imediatamente do artigo da forma mais simples possível dentro deste contexto: comentando.