Rodando Planeta Gamer

The World Ends With You – Ouvindo Games

Bem vindo ao primeiro Ouvindo Games! Se você fez uma breve análise do título da coluna já deve ter sacado que ela irá trazer, de alguma forma, conteúdo para seus ouvidos, certo? Não se trata de mais um de nossos podcasts. Não! O Ouvindo Games será uma coluna escrita onde analisaremos as belas canções de algum game ou os artistas envolvidos na composição deste importante quesito de ambientação nessa mídia áudio visual que tanto gostamos. E em nossa coluna de estreia, temos um título soberbo no quesito musical: The World Ends With You (TWEWYSquare Enix). E para um título tão urbano, a história se passa em ShibuyaTóquio, em tempos modernos, ninguém melhor para compor e produzir a trilha sonora quanto Takeharu Ishimoto. Vamos saber um pouco mais sobre o artista e relembrar algumas das deliciosas composições deste game.

Homenagem

O título da coluna que você lê neste momento é uma homenagem ao piloto do que viria a ser o Rodando Planeta Gamer como você conhece. O Ouvindo Games original era uma brincadeira teste que fiz para aprender a fazer podcasts. O objetivo? Criar casts curtos com músicas de games, testar técnicas de gravações e aprender todas as formas de publicação necessárias para tornar o projeto do RPG viável. Não sei a razão, mas, os casts estavam todos publicados até pouco tempo atrás e atualmente se encontram desativados, mas, a página original do Ouvindo Games ainda existe e a título de curiosidade você pode visualizá-la clicando aqui.

O game

TWEWY é um título de RPG Ação lançado para o portátil da Nintendo, DS, em 2008. O título possuía diversas características que o tornavam e ainda o tornam único nos dias de hoje, como o uso diferenciado das duas telas em um combate frenético que mescla o uso da tela de toque e os botões do console, um design carismático de seus personagens que possuem muitos zíperes (característica marcante de Tetsuya Nomura) e a rebuscada e diversa trilha sonora que vai do rock ao eletrônico e hip hop com mais facilidade do que interagir com as duas telas do portátil ao mesmo tempo. Este último quesito é nosso foco neste texto. Vale lembrar que o título foi bem recebido por público e crítica, mas, frequentemente é visto com ressalvas em discussões pela internet. Gosto de dizer que o game estava e ainda se encontra a frente do seu tempo, visto que pouco de suas ideias originais se tornaram tendência para outros jogos no mercado.

Não tente entender, só jogando pra saber

Ouvindo “The World Ends With You”

Antes de começarmos a falar das músicas em si e do próprio artista, convém, gastar algumas linhas para ilustrar como o DS conseguiu ser bem aproveitado tanto por TWEWY quanto para diversos outros games no quesito musical. Frequentemente tido como um hardware frágil, ainda mais se comparado ao seu concorrente da época, o PSP, o DS possuía uma bela capacidade no quesito som, com dois altos falantes de 16 canais ele permitia até mesmo som estéreo sem a necessidade de fone de ouvidos. Essa sua capacidade permitia ao pequeno da Nintendo fazer sons perfeitos tanto para música quanto para vozes. Títulos como Elite Beat Agents e o próprio TWEWY comprovam isso. Ainda que o DS seja potente neste sentido, TWEWY é tão exigente em suas composições que a trilha do game consome cerca de 1/4 da mídia, algo extremamente pesado para os dias atuais. Ainda que o valor pareça absurdo, as técnicas de compressão das músicas são normalmente elogiados pelos que compreendem mais a fundo do assunto.

https://www.youtube.com/watch?v=2ZVO3U_WHVk

September  – um clássico de “Earth, Wind and Fire” (performado por TC Moses em Elite Beat Agents) comprova a alta capacidade do DS para fazer um ótimo som

Takeharu Ishimoto nasceu em 1970 e se juntou a Square em 1999. Ainda que a data seja longínqua, seu nome ainda não era comumente atrelado como compositor, pois, ele desempenhava um papel de sintetizador, à época do clássico Legend of Mana. Em 2002, aí sim, ele veio a ganhar maior notoriedade, agora compondo (World Fantasista). Você ficará especialmente deliciado em saber que seu nome e talento são os responsáveis pelas deliciosas trilhas de Crisis Core: Final Fantasy VII (escute mais ao fim em nosso “Bônus Ouvindo Games” a saborosa e melancólica The Price of Freedom ), Dissidia: Final Fantasy, Final Fantasy Type-O HD, entre outras.

Separei alguma das músicas que mais gosto em TWEWY para vocês ouvirem. Mas, mais do que preferência pessoal as separei para ilustrar a versatilidade que Ishimoto imprime em seu trabalho. Para não se tornar enfadonho coloco em destaque uma breve descrição pessoal pela qual acredito que você deva dar especial atenção a estas composições. Contribua nos comentários com suas canções favoritas e fique a vontade para concordar, discordar ou corrigir possíveis erros das análises. Em especial se for um estudioso de música, eu, confesso, sou um mero curioso.

Calling além de ter um agradável vocal feminino que permeia toda a canção é uma das responsáveis por mostrar o talento pop-rock do autor

Hybrid faz uma mistura interessante de rock, fique atento as poucas vezes que bateria e guitarra aparecem, e eletrônica. 1:58 a 2:30 é um importante e saboroso anti-clímax, para aí sim, em 2:32 termos um divertido clímax que nos guia até o fim

Give Me All Your Love é uma eletrônica quase pura (você ainda escuta o “sujo” da guitarra ditando o ritmo em diversos momentos). Ela é tão eletrônica que você enxerga perfeitamente uma bela nipônica dançando em uma Have em Shibuya pedindo que você “lhe dê todo seu amor” enquanto sacode seus cabelos

Twister é uma de minhas favoritas. Toda a versatilidade de Ishimoto fica explícito aqui. Ele muda de ritmo de forma muito natural, observe que em 1:58 ele quase se permite uma espécie de Folk. A partir de 2:55 até o seu fim temos o delicioso ápice da canção (o Folk que sugeri?). Minha escolha pela versão japonesa é puramente pessoal. A americana é igualmente saborosa de se ouvir. Escolha a sua!

Em Ending Beginning temos a vertente Hip Hop saindo da veia de Ishimoto. Gosto muito da forma como ele sintetiza os sons aqui, o que notavelmente deve ter sido o que chamou a atenção para os seus talentos na época de sintetizador

O que gosto em Psychedelic é exatamente o que o seu nome diz: seu efeito psicodélico transformado em música. É uma canção que automaticamente me faz pensar em TWEWY, afinal, tudo acerca do game é muito psicodélico. Bem representativo

Bônus Ouvindo Games

The Price of Freedom é um dos motivos por fazer você se arrepiar em diversos momentos em Crisis Core e uma boa antítese ao trabalho realizado em TWEWY. Aproveite para relaxar