Kung Jin, novo personagem do elogiado Mortal Kombat X, é gay! Não há razão de discutir o contrário, já que Dominic Ciancialo, um dos desenvolvedores do game, confirmou através de seu twitter.
Este texto não é para discutir a orientação sexual de Kung Jin. Este texto é sobre como a orientação de alguém pode gerar polêmica
Mas, este texto não é para discutir a orientação sexual de Kung Jin. Este texto é sobre como a orientação de alguém pode gerar polêmica, até mesmo quando este alguém é composto de pixels e polígonos. Perceba, Kung Jin não existe, ao menos não no sentido literal da palavra. E quando eu disse que a orientação de alguém pode gerar polêmica, notavelmente estou me referindo quando este alguém é homossexual, afinal, não vira notícia que Sonya Blade é hetero. Pode até render alguns cliques que ela está tendo um relacionamento com outro personagem e outros mais, mas, o foco não é sua sexualidade. Isso se chama heteronormatividade. Um conceito bobo imposto pela maioria da sociedade que faz com que haja um consenso, quase que comum, onde o “normal” é ser hetero. Não irei tentar, talvez vexatoriamente, enumerar as razões históricas e sociais de nossa sociedade ser assim. Mas, ela é. Um triste fato.
“Eles só se importam com seu coração. Não por quem ele deseja.”
Eu poderia dizer que fiquei perplexo de ver, como algo normal como alguém se apaixonar por outro alguém, independente de qual sexo este outro alguém tenha, “bombe” na internet. Mas, não impressiona. Infelizmente. É comum! Mas, é algo que precisamos desconstruir. A cena bonita, bem conduzida e singela onde Raiden percebe a inquietação e sofrimento de Kung Jin é perfeita para demonstrar a razão de ser um deus que está ali a tranqüilizar o monge. Raiden, em sua condição divina, não sofre com questões mundanas bobas como se preocupar com uma sexualidade que sequer é sua. Kung Jin, parece até falar para parte da sociedade que é preconceituosa. Acanhado, com uma vergonha que não deveria existir, quase que marginalizado: “and make me fell like a shit”! “Junte-se aos Shaolin” proclama Raiden. “Não posso. Eles não aceitariam…”. E tal qual como deveria ser em nosso mundo real, mesmo porque a sexualidade de alguém é única e exclusiva dela, não diz respeito ao outro interferir, Raiden liberta Kung Jin: “Eles só se importam com seu coração. Não por quem ele deseja.”
Espero ainda viver em um mundo, o real, não apenas o virtual, onde não precisemos de um deus do trovão para fazer com que todos entendam que o que realmente importa é o caráter de uma pessoa e não por quem ela se apaixona.