Nota do Editor
Nossa análise de A Piada Mortal foi escrita por Marlboro Man e contém SPOILERS da animação. Esteja avisado antes de continuar lendo.
[Uau Marlbs, finalmente vendo um lançamento na data certa…]
Pô, fraturei as costas. Tava foda acompanhar qualquer coisa.
[Se tava em repouso ai sim tinha temp…]
OK! Vamos falar sobre a adaptação de A Piada Mortal, minha historia favorita do Batman.
[E então, curtiu a adaptação?]
Antes de falar sobre, vamos tirar uma coisa do caminho. Não sou o tipo de fã extremista que não suporta quando uma obra que admiro é adaptada sem manter todos os detalhes do original. Entendo, por exemplo, a necessidade de se estender a trama contada em A Piada Mortal. A obra original é consideravelmente pequena, e o tempo adicional pode e deve ser utilizado para ampliar os personagens já conhecidos. E não deixa de ser divertido ver o próprio filme brincar, nas suas primeiras linhas, com o fato de que sabemos que a historia esta diferente da original.
Aqui, isso foi feito dividindo o filme em duas partes, onde a primeira serve para a criação deste “universo expandido” e a segunda cria uma criação absolutamente fiel à HQ. Porém, existe aqui um problema. As partes pouco se comunicam. Seria fácil, por exemplo, que ambas fossem episódios separados de uma serie de TV, daquelas que não precisamos assistir os episódios em ordem para nos mantermos atualizados (com exceção do resultado físico do incidente com Barbara).
As partes pouco se comunicam. Seria fácil, por exemplo, que ambas fossem episódios separados de uma serie de TV, daquelas que não precisamos assistir os episódios em ordem para nos mantermos atualizados
[Tá Marlbs! Mas, o que tem de tão interessante na primeira parte?]
A primeira parte se resume em um olhar ampliado na relação entre o Batman e Barbara, nos dias de Batgirl. O filme logo estabelece ela como uma garota impulsiva, buscando uma certa aceitação do seu “superior”, enquanto este mantém uma relação mais profissional.
[Ué Marlbs, e todo o papo dos dois terem um relacionamento romântico?]
Bom, sim, eles transam. E apenas. Não é algo recorrente no filme, ocorre uma vez e é o tipo de coisa que pode ser justificado pela situação emocional de um deles. Não interfere na trama tanto quanto se parece. Sim, quebra um pouco o conceito que temos do relacionamento de ambos, mas não, não afeta o filme.
E aqui está exatamente o problema. Os fatos novos que são apresentados não se comunicam com a historia que todos conhecemos. O fato de sabermos da historia do Batman e Barbara não influencia em nada a parte chave da historia, apenas faz com que a trama parece uma junção de dois episódios diferentes.
[Alto lá, Marlbs. Como assim, saber mais sobre a Barbara não afeta o resto?]
Porque por mais que saibamos mais sobre ela, a parte chave de A Piada Mortal pouco reside em Barbara, e sim em como seu incidente afeta as pessoas ao seu redor (em especial, seu pai). Porém pouco temos do relacionamento de outros personagens com ela. As coisas que acontecem entre ela e Batman na primeira parte, não nos faz enxergar com novos olhos o incidente e como o protagonista reage. Seu relacionamento com seu pai é pouco explorado, de maneira que a reação dele segue inalterada.
Aliás, perda. Disse que o relacionamento com seu pai é pouco explorado? Não. Ele simplesmente não é explorado de maneira a acrescentar ou mudar algo no momento chave. Jim Gordon não recebe atenção alguma nas partes novas da historia, o que só torna ajuda a piorar a narrativa, uma vez que ele, um dos pontos centrais da trama, só tem um dialogo expressivo próximo dos 40 minutos de projeção.
E antes que pergunte, a parte inicial também dispensa qualquer acréscimo na historia do Coringa, usando como vilão um mafioso desconhecido chamado Paris Franz (que até Barbara admite ser um péssimo nome). O palhaço só faz sua primeira aparição próximo aos 35 minutos do filme (que já tem uma duração consideravelmente curta).
O filme nos obriga a ver um ato de ações que não impactam em nada os pontos chaves. Vemos apenas um breve dialogo em que o Batman fala sobre o “abismo”, que é uma referencia interessante ao que o Coringa planeja.
[Ok Marlbs, mas, pelo menos a historia inicial é legal…?]
Não. É desinteressante. O filme nos obriga a ver um ato de ações que não impactam em nada os pontos chaves. Vemos apenas um breve dialogo em que o Batman fala sobre o “abismo”, que é uma referencia interessante ao que o Coringa planeja.
[Bom, mas ao menos a segunda parte é fiel?]
É, sim. Completamente, na maior parte do tempo. Existem duas (ou três, se contarmos uma sala de cabeça para baixo) alterações mais importantes que os fãs perceberam. Uma delas, no final, embora incomode, não atrapalha a narrativa (já que o final era algo meio ambíguo mesmo na obra original). Existe, porém, um momento que vou me dar ao trabalho de reclamar. Em dado momento, vemos Gordon ”throw the book away”, em uma cena criada especialmente para o filme. Ora, se um dos pontos fortes da historia era mostrar como o personagem se mantinha moralmente correto mesmo sob pressão, qual o sentido desta cena?
[Hum, bom… talvez a intro seja para fazer bem com movimentos feminist…]
A animação não passa no teste de Bechdel.
[Ok, ok, saguei seu ponto. Mas pelo menos a qualidade da animação…]
Pensa em Dragon Ball Super.
[…]
Eu nem to zuando.
[Porra Marlbs… dublagem…?]
Kevin Conroy e Mark Hamill. Isso basta. Pena que as animações não fazem jus.