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Esquadrão Suicida – Análise

Nota do Editor

Marlboro Man ataca novamente! Desta vez ele foi antes que (quase) todo mundo assistir ao Esquadrão Suicida e traz sua opinião para você. Há leves spoilers da trama, mas, um bad ass como você não se importa com spoilers, certo?

[Então Marlbs, assistiu o tal Esquadrão Suicida?]

Pois é… Quase um primeiro contato com a equipe. Já tinha visto Assault on Arkham, mas até curti o filme ter uma nova formação, assim posso analisar melhor a introdução dos personagens sem ligar para o que já sabia deles (o que é bem pouco).

[Hum, então você teve uma nova oportunidade de conhecer os personagens, Marlbs?]

Não. Porque o filme não se preocupou com isso. Com uma equipe de vilões formada por 7 condenados, é de se esperar que o filme tenha alguma dificuldade em explicar bem quem é cada um deles. Como evitar este problema? Não introduza metade deles. Não, é sério. Um deles eu tive que procurar depois da sessão para saber quem era, já que em momento algum sequer sabemos o nome dele. Assim, de um lado, temos uma galeria de vilões que andam pelo filme não interagindo, mas apenas, existindo.

E aos que somos introduzidos, o trabalho segue incompleto, com o longa se preocupando em dar background para poucos dos personagens. O único condenado que tem um passado que pode ser considerado de fato desenvolvimento de personagem é o Deadshoot. Sim, aprendemos sobre o passado de Harley, mas basicamente é usado de pretexto para explicar a obsessão dela pelo Coringa.

[E o Corin…?]

CALMA, ainda não chegamos lá.

[Hum, ok.]

Na lista dos não condenados, a coisa corre melhor, talvez por se concentrar apenas em dois personagens. A Amanda Waller de Viola Davis é criada como uma figura forte, o que é notável nos planos em que ela é mostrado em contra-plongée, e a se temer. Algo também mostrado pela direção, dessa vez em um interessante raccord entre as ações de Killer Croc e da vilã. Já Rick Flagg é criado com pouca inspiração. Seu desenvolvimento se resume na interação entre este e uma outra personagem chave, mas mesmo isso ocorre de maneira artificial.

A Amanda Waller de Viola Davis é criada como uma figura forte, o que é notável nos planos em que ela é mostrado em contra-plongée, e a se temer. Algo também mostrado pela direção, dessa vez em um interessante raccord entre as ações de Killer Croc e da vilã.

[Mas assim Marlbs, rola aquela química, aquela coisa especial entre os personagens?]

Bom, depende para quem você pergunte. Para o filme, sim, definitivamente. Lá pelo fim do segundo ato o filme acredita que os integrantes já têm afinidade suficiente para serem uma “família”. Para o espectador, por outro lado, isso nunca ocorre. Alguns dos personagens que supostamente se importam com os outros só ganham a chance de falar algo ao fim deste mesmo segundo ato, assim, fica difícil estabelecer uma real sensação de camaradagem quando tudo que fazem juntos é basicamente atirar e meter porrada.

[Tá Marlbs, mas e a essa ação aí, a porrada, os tiros, não é pra isso que tamos aqui?]

Não exatamente… Mas já que tocou no assunto, o filme infelizmente peca nesse assunto também. As cenas de ação são particularmente confusas por uma série de fatores que provam que o diretor David Ayer não soube dirigi-las.

Para começar, um problema básico, as cenas são pouco inspiradas, todos ocorrem em cenários parecidos, ambientes escuros (já um péssimo começo) com pouca (ou nenhuma) inspiração. Soma-se a isso a câmera sempre próxima dos personagens, que, se em alguns casos pode gerar bons resultados (Paul Greengrass sabe disso), aqui não o faz, e isso se deve à necessidade da câmera estar sempre próxima, poucas vezes abrindo para que melhor possamos tomar ciência do que está acontecendo. E, soma-se a tudo isso o fato de que as lutas são simultâneas, vários vilões lutando ao mesmo tempo. Assim, ora vemos um quadro fechado de um soco desferido por determinado personagem e logo cortamos para um quadro fechado de outro personagem fazendo outra ação, sem entendermos o que de fato esta acontecendo.

Lá pelo fim do segundo ato o filme acredita que os integrantes já têm afinidade suficiente para serem uma “família”. Para o espectador, por outro lado, isso nunca ocorre.

[Bom… Mas pelo menos o roteiro…?]

Piorou. Se Amanda Weller não tivesse tentado por seu plano em pratica, ele não seria necessário (complexo, mas é isso ai). E não bastante o roteiro ser tolo e previsível (com uma personagem anunciando o desfecho ao fazer um pedido ao amado), ainda trata o espectador como uma criança, ao incluir um flashback extremamente desnecessário de uma cena que ocorreu mais cedo no filme quando um fato já mostrado ao espectador é revelado a novos personagens. Soma-se ao número de subestimação de inteligência a necessidade de se incluir cenas do final de Batman V Superman juntamente com uma narração em off falando sobre a morte do mesmo e uma cena envolvendo uma camisa (aliás, apenas esta ultima bastaria e teria feito de maneira elegante), apenas para mostrar em qual tempo cronológico o filme esta.

[Tá, tá, tá! Marlbs, fala aquilo que vim saber. E o Coringa?]

Bom, sinto estragar sua vinda, mas…

[…cala a boca Marlbs]

Ok!

[Não, não foi literalmente. Fala logo.]

O Coringa do Leto é um mix de Coringas diferentes, suas motivações (embora não exatamente reveladas, mas pelo que se vê de suas cenas) são mais próximas do personagem de Jack Nicholson, mas sua atuação puxa mais pro lado do Ledger (como o tom de voz, por exemplo). O problema é: ambos os lados são desastrosos.

No roteiro, basta dizer que, uma vez que o personagem fosse excluído, não interferiria em nada no filme. Ele aparece em uma cena aqui e outra acolá, mas por mais que o filme queira nos fazer acreditar que ele seja importante, ao invés de relega-lo apenas à introdução de Harley, suas ações em nada influenciam o filme. Sem ele, o filme não seria alterado em nada. E mesmo sua personalidade é mal aproveitada pelo roteiro, sem nenhum momento ou dialogo impactante como o que foi visto no filme do Nolan.

Já sua atuação, bom, tenho defendido Leto desde sua escalação até as fotos que todos criticaram. Mas, ver ele como Coringa me faz perceber que… Bom, ele não fez valer meus votos de confiança. Embora tente dar vida própria ao personagem, sua atuação é desastrosa, acreditando que acabar todas as suas cenas com uma risada maníaca (independente da risada ser o não compatível com a cena) irá bastar. Bom… Não basta.

O Coringa do Leto é um mix de Coringas diferentes, suas motivações (embora não exatamente reveladas, mas pelo que se vê de suas cenas) são mais próximas do personagem de Jack Nicholson, mas sua atuação puxa mais pro lado do Ledger

[Então… Acha que os fãs não vão gostar?]

É curioso… Ao sair do cinema eu tinha certeza que tinha visto um filme terrível. Porém, também sabia que era um filme que os fãs mais ferrenhos, que acham que “critico só serve pra falar mal”, iriam gostar. A maioria dos problemas, como a infantilização da inteligência do espectador, vai passar batido. E tem uma boa dose de fan service que também vai ajudar. Os problemas do filme não são tão evidentes quanto Batman V Superman, por exemplo…

É uma afirmação estranha, mas foi uma das primeiras coisas que comentei com amigos.

[Bom, coisa estranha essa, Marlbs…]

Pois é…

[Vamos tomar uma breja?]

É meia noite de uma quinta feira.

[E?]

Tem razão… Vamos!