A Ira de Guerra

Autor: LJusfalheim

Ficha Técnica:

Darksiders (Darksiders Warmastered Edition)

Data de lançamento: 2010 (Warmastered Edition: 3ºTrimestre de 2016)

Plataformas: Xbox 360 / Playstation 3 / PC (Warmastered Edition: PS4, Xbox One, WiiU e PC)

Nota do Editor: Essa é a primeira análise de LJusfalheim pro RPG. Gamer de longa data e grande fã da série Castlevania. Visita o RPG vez ou outra, mas, ainda não apareceu em forma de comentários e agora inaugura sua participação com essa bela análise que foi testada na versão de 2010. As diferenças pra Warmastered Edition você confere ao fim da análise e pode usá-la para guiar sua intenção de compra ou teste.

Os quatro Cavaleiros do Apocalipse. Quantas vezes já ouvimos falar dessas figuras míticas citadas na bíblia? Os temíveis avatares do caos que através da guerra, fome e pestilência levariam todos à morte inexorável? Obras diversas já foram criadas baseadas nesse conto bíblico sobre o fim dos tempos, por isso mesmo era até de se estranhar o fato de um material tão rico como esse ainda não tivesse ganhado de fato uma adaptação decente para o mundo dos videogames. Alguns projetos surgiram e até então o mais promissor seria um game chamado de The 4 Horseman of the Apocalypse, anunciado em 2002 onde um anjo caído chamado Abbadon combateria os 4 cavaleiros para salvar o nosso mundo do extermínio. A premissa era bem interessante, mas o jogo, que chegou a ser mostrado teasers e fotos bem como personagens e enredo, acabou sendo descontinuado e nunca mais se ouviu falar nada sobre ele.

Jim Madureira quadrinista e que veio ganhar grande destaque desenhando as aventuras dos X-men. Nessa imagem vemos, capciosamente, Apocalipse dos mutantes da Marvel

Passou mais um tempo e um estúdio aparentemente desconhecido chamado Vigil Games, fundado pelo quadrinista Joe Madureira e pelo desenvolvedor David L. Adams, resolveu criar um jogo de ação e aventura no qual o protagonista seria nada menos que um dos quatro cavaleiros do Apocalipse. Para esse projeto, o escolhido seria o cavaleiro da guerra que teria a missão de vagar pela terra pós-apocalíptica investigando uma enorme conspiração envolvendo toda a criação. Tal jogo veio a ser batizado de Darksiders, que em uma mistura inusitada de The Legend of Zelda com God of War, faz o jogador sentir o verdadeiro poder de um cavaleiro do Apocalipse.

 

No mundo de Darksiders, uma guerra entre o paraíso e o inferno é travada desde o início dos tempos, com nenhum lado conseguindo subjugar o outro. Porém, tal conflito passou a ameaçar o equilíbrio de todo o universo e por conta disso, o conselho das chamas, uma entidade ancestral nomeada pelo criador para manter o equilíbrio sobre toda a criação, obriga anjos e demônios a um cessar-fogo, pois acreditam que todo grande poder se não for moderado, pode causar sérios danos à própria fábrica do universo. Tais leis são reforçadas por meio de uma irmandade de guerreiros à serviço do conselho conhecidos como os quatro cavaleiros do apocalipse, os quais nessa versão aparecem como War, Death, Fury e Strife. Em meio a todo o caos, surge um terceiro reino na criação: o reino dos humanos. Cientes de que tal reino é ainda muito jovem para participar da guerra eterna, o conselho das chamas, cria sete selos que viriam a ser quebrados no dia em que a raça humana estivesse pronta para lutar na guerra decisiva que iria colocar um ponto final ao antigo conflito entre mundos. Nesse dia, os quatro cavaleiros seriam convocados para punir os maus e pavimentar o caminho para a renovação de toda a criação.

Confira o Trailer de Darksiders Warmastered Edition

 

No começo do game, o protagonista War surge em meio ao caos para responder ao fatídico chamado e levar adiante a tarefa à qual foi designado tempos atrás. Porém ao chegar na terra, o cavaleiro observa que os exércitos do paraíso e do inferno já estão novamente em conflito e que seus outros três irmãos não se encontram em lugar algum. Apesar do estranhamento inicial, War segue em frente para cumprir seu dever de arauto do conselho, porém durante seu embate com ambas as hordas celestiais e demoníacas, o cavaleiro acaba perdendo seus poderes de forma inesperada, culminando com sua derrota pelas mãos do demônio Straga. Após isso, War tem sua alma levada perante o conselho das chamas para um julgamento. Lá, o cavaleiro da guerra é acusado de ter causado o apocalipse por conta própria e colocado em movimento os eventos que acabaram por levar o reino dos humanos à extinção, ajudando assim a entidade conhecida como Destroyer no seu processo de conquista da terra. War por sua vez, argumenta que ele apenas atendeu ao chamado do conselho, porém o mesmo lhe informa que nenhum selo foi quebrado e assim nenhum chamado teria sido feito, o que os fez chegar à conclusão de que War teria se rebelado e unido forças ao inimigo.

Agora, os exércitos de Destroyer clamaram a Terra para si e se põe em franca oposição não só ao conselho como a toda criação. Ao saber disso, War pede que o mande de volta à Terra para que ele possa descobrir o que está por trás de tudo isso e punir os responsáveis, limpando assim o seu nome e restaurando o equilíbrio perdido. O conselho acata o pedido de War, mas avisa que ele não ficará sem supervisão e assim convocam um espirito conhecido como o vigia (magistralmente dublado por Mark Hamill) para a missão de controlar os passos do cavaleiro. Para isso o conselho realiza uma simbiose, onde o vigia acaba por ter o controle total sobre War, podendo até mesmo acabar com a vida de seu hospedeiro caso este resolva se rebelar. Desse modo, War é enviado novamente à terra, cem anos depois do apocalipse e encontrando diante de si, uma terra completamente devastada e repleta de monstros à serviço do Destroyer.

Luke… Ops, Mark Hammil é O Vigia

O enredo de Darksiders foi realmente bem trabalhado, com diversas surpresas ao longo do caminho e apesar de várias referências aos textos originais da bíblia, a Vigil Games tratou de dar o seu toque pessoal a essa mitologia tão interessante. War, o cavaleiro da guerra, por exemplo, é mostrado aqui como um guerreiro honrado e totalmente focado no seu dever. E apesar de ser dedicado a manter o equilíbrio do universo, não medirá esforços para conseguir restaurar tudo o que foi perdido e se vingar do responsável pela sua queda, o que inclui fazer pactos com demônios, racionalizar com anjos e claro aniquilar os exércitos do Destroyer que cruzarem seu caminho. Mas não é somente War que merece destaque entre os personagens do game. Ao lado das forças de elite do paraíso chamada de “Hellguard“, está Uriel que apesar de sempre determinada a acabar com a oposição dos exércitos do inferno, carrega consigo a dor da perda de seu mentor Abbadon, o qual era motivo de admiração para ela e até mesmo de sentimentos ainda mais complexos. Já do lado do inferno, temos o grande demônio Samael que está sendo mantido preso pelo Destroyer. Ele se mostrará de grande utilidade ao raivoso cavaleiro guiando-o em sua jornada, porém dizem que caso seja libertado, Samael pode ser um perigo tão grande quando o próprio Destroyer. Ulthane é o representante da raça dos antigos artesões do universo. O sujeito fanfarrão e sarcástico também conhecido pelo apelido de “Black Hammer”, é um guerreiro feroz e orgulhoso que apesar de seu jeito despreocupado, conhece muito bem sobre o estado atual do mundo. Enfim, personalidade é o que não falta aos personagens de Darksiders e apesar de apresentar similaridades na sua jogabilidade com outros jogos famosos, é muito bom ver que a Vigil games teve bastante atenção e cuidado ao criar o universo do jogo e de seus personagens, já que a ambientação é simplesmente irrepreensível e a sensação de grandiosidade e capricho pode ser observada em todo canto, sendo este um dos maiores achados do game.

Ulthane é o representante da raça dos antigos artesões do universo. O sujeito fanfarrão e sarcástico também conhecido pelo apelido de “Black Hammer”, é um guerreiro feroz e orgulhoso

 

A jogabilidade de Darksiders pode ser descrita como uma mistura bem-sucedida de The Legend of Zelda com God of War ou mesmo Devil May Cry. No game, o jogador vaga pelo nosso mundo em uma versão pós-apocalíptica, resolvendo puzzles, combatendo as hordas do inferno, o exército de Hellguard e as legiões do Destroyer, naquela máxima de “eu contra todo mundo”. Apesar do jogo ter um conceito “open-world“, nem todas as áreas estarão abertas ao jogador desde o início, sendo que War precisa adquirir certas habilidades para transpor os obstáculos que o impedem de acessar determinadas áreas. Basicamente são 5 dungeons enormes e vários bosses e sub-bosses até que War consiga concluir sua saga épica e descobrir o que de fato aconteceu. Tal jornada está recheada de itens escondidos no cenário como chaves, upgrades de armas e status, colecionáveis e várias outras coisas que ajudarão a tornar a missão de War menos penosa. Porém é corriqueiro o jogador se deparar com a situação de ver um item em uma parte do cenário onde aparentemente é impossível de ser acessado.

Essa é uma das vezes onde é bom o jogador guardar tal local na memória para retornar mais tarde quando estiver em posse de novas habilidades que farão com que o acesso ao item seja possível. Dessa forma, o “backtracking” é um fator bastante normal em Darksiders, bem como nas séries The Legend of Zelda ou mesmo Metroid, onde tanto a progressão e acesso a itens dependem de habilidades que serão adquiridas futuramente. O game se apresenta em uma visão de terceira pessoa e o controle da câmera se dá pelo direcional analógico direito. Caso o botão do analógico seja pressionado, a câmera muda para acima do ombro do personagem e uma mira manual aparecerá na tela para que o jogador tenha uma visão mais abrangente dos cenários ou mesmo possa atirar em inimigos ou mirar em pontos específicos para arremessar um item. A movimentação de War ocorre pelo direcional analógico esquerdo com vários níveis de pressão, como na maioria dos games do gênero.

A jogabilidade de Darksiders pode ser descrita como uma mistura bem sucedida de The Legend of Zelda com God of War ou mesmo Devil May Cry.

Os puzzles de Darksiders são normalmente bastante engenhosos e empregam com maestria todos as habilidades e itens adquiridos por War durante sua jornada por vingança. É interessante notar que mesmo nas horas finais do game, mesmo as primeiras habilidades adquiridas pelo cavaleiro são utilizadas em conjunto com habilidades mais recentes para se resolver enigmas, o que é uma decisão um tanto bem-vinda, pois afasta o sentimento de ter habilidades mal utilizadas. Tais habilidades contam com os mais diversos efeitos como ajudar War a planar durante o salto, pendurar-se em ganchos no cenário no melhor estilo de games como o saudoso Super Castlevania IV, criar entradas e saídas através de portais e mesmo ativar interruptores através de uma espécie de bumerangue. Todas habilidades são de fácil uso e enquanto algumas são passivas, outras precisam ser mapeadas por meio de atalhos específicos no controle.

No gamepad, o direcional digital faz as vezes desses atalhos e basta apenas um toque para selecionar o item desejado. Para se movimentar pelo cenário, apesar da sua estatura consideravelmente grande, War é bastante ágil e pode escalar paredes, se pendurar nos cenários, nadar e mergulhar em ambientes aquáticos e mesmo cavalgar seu poderoso corcel flamejante, Ruin. Então, como se pode observar, Darksiders possui um personagem que possui uma gama de movimentos que realmente dá uma série de opções para se explorar o mundo pós-apocalíptico de uma maneira intuitiva e bastante fácil, tornando a jornada prazerosa apesar do pesado backtracking. Vale lembrar também que pontos de viagem rápida foram adicionados para que o jogador não precise necessariamente percorrer todo o caminho de volta caso não queira. Para isso basta descobrir os pontos onde o vendedor demoníaco Vulgrim está no mapa que após um tempo, a viagem rápida será adicionada ao repertório de habilidades de War através dos Serpent Holes, um caminho através do imaterial conhecido por poucos.

(…) É por conta do ganancioso vendedor (Vulgrim) que o jogador terá acesso aos mais diversos tipos de upgrades do jogo

E por falar em Vulgrim, é por conta do ganancioso vendedor que o jogador terá acesso aos mais diversos tipos de upgrades do jogo. No início do game, War ainda precisa recuperar todo seu poder perdido durante o apocalipse e é através de Vulgrim que o jogador tem acesso a novas técnicas de combate. Para isso, a moeda corrente de Darksiders acaba sendo as almas de cor azul que emanam de inimigos derrotados ou mesmo de objetos destruídos pelo cavaleiro. Então para se comprar tudo que o game tem a oferecer o jogador terá que trabalhar duro, mas, tais upgrades irão facilitar e muito a vida de War no game. Inicialmente o protagonista conta apenas com sua fiel espada Chaoseater como a maneira mais básica de se despachar inimigos, porém conforme o jogo vai avançando, novas armas são adicionadas ao seu arsenal, algumas adquiridas na progressão da aventura e outras compradas na loja de Vulgrin.

Ao receber a sua espada, o cavaleiro também recebe automaticamente sua primeira magia, o Blade Geyser, um ataque que consome “Wrath energy”, localizado abaixo da barra de saúde do personagem. Tal ataque faz com que War crave a Chaoseater no chão e seja cercado de diversas lâminas que atingem todos os inimigos ao redor do personagem. Excelente para limpar a tela. Porém o uso de Wrath Powers devem ser usados de modo inteligente, pois para repor a barra de “wrath” é preciso derrotar inimigos para que ela se regenere ou mesmo coletar almas de cor amarela. Outras magias serão disponibilizadas com o decorrer do jogo para que War as compre na loja, bem como suas versões mais poderosas que podem ter até 4 níveis de força cada uma.

Porém o uso de Wrath Powers devem ser usados de modo inteligente, pois para repor a barra de “wrath” é preciso derrotar inimigos para que ela se regenere ou mesmo coletar almas de cor amarela

O combate em Darksiders, segue bastante a linha usada em The Legend of Zelda, onde através de um botão, a visão de War foca em apenas um oponente por vez, tornando o combate mais direcionado. Claro que é sim possível combater inimigos sem esse recurso, mas no caso de embates contra chefes, a opção de “lockar” a mira em apenas um oponente é a mais indicada. Para atacar, War usa inicialmente a sua espada Chaoseater em um botão e com outro, usa uma das outras armas adquiridas no game. Tais armas tem efeitos bastante distintos e cabe ao jogador decidir o que usar em cada batalha já que cada uma delas é mais adequada para situações específicas. Mas claro que isso não impede você de usar sua arma favorita o game inteiro. Ao menos no combate, em nenhum momento o jogador será impedido de usar o que bem entender, sejam armas, itens ou magias. Tudo está aí para se adequar ao modo de cada um, adicionando uma boa variedade em termos de estilos de luta. As novas técnicas adquiridas na loja trazem vida nova aos combates a todo o instante, sendo que cada vez mais opções são apresentadas ao jogador quanto este compra golpes novos. Ainda no quesito das armas principais do jogo, elas também possuem uma espécie de “barra de experiência” que vai subindo toda vez que é usada em combate com inimigos. A cada nível a arma fica mais forte e causa maiores danos aos oponentes, podendo ser evoluída até o quarto nível.

Tais armas principais também podem ganhar efeitos específicos através de um sistema de runas que são anexadas a um slot próprio da arma. Os efeitos podem variar bastante como causar mais dano, ganhar mais experiência de combate ou mesmo fazer com que inimigos derrotados liberem mais almas. Alguns destes itens podem ser comprados, mas os mais poderosos estão mesmo espalhados pelos cenários à espera do jogador. Quando tais itens são anexados às armas, elas passam a ser rodeadas por um efeito muito legal que representam o bônus concedido, como a arma ficar envolta em energia ou mesmo coberta de sangue. E como se não bastasse tudo isso, cada cavaleiro possui uma segunda forma que é a sua versão mais poderosa e com uma simples combinação de botões, War transforma-se em um avatar do caos coberto de magma e com um poder de ataque simplesmente devastador. Obviamente tal forma só deve ser usada em momentos mais críticos do combate, pois a duração dessa técnica é bastante breve e é preciso derrotar um bom número de inimigos até que a barra se regenere totalmente, permitindo seu uso. E tudo isso, aliados a combos aéreos, ataques com os mais diversos objetos do cenário, itens, golpes a cavalo poderosíssimos, bloqueios, esquivas e contra-ataques fazem com que War seja um verdadeiro arauto do caos, chegando ao fim do game com um poder e visual assustadores. Então que tanto para os amantes da destruição de plantão, quanto para aqueles que gostam de explorar cada canto de um jogo, Darksiders é certamente um prato cheio.

(…)Tanto para os amantes da destruição de plantão, quanto para aqueles que gostam de explorar cada canto de um jogo, Darksiders é certamente um prato cheio.

Gráficos

No departamento da apresentação o jogo é um colírio para os olhos. Nem tanto pelo seu gráfico, que está na média dos games de sua geração, mas sim pelo seu design. Nesse ponto, o cartunista Joe Madureira mostra todo seu talento, criando cada detalhe dos personagens e cenários de uma forma única, dando uma identidade visual muito forte para o jogo. Percebe-se um capricho especial onde os personagens, inimigos e objetos tem uma grande gama de detalhes específicos. Tem dúvidas? Dê uma olhada apenas nos entalhes da espada de War, ou mesmo na própria vestimenta do personagem. Os inimigos estão cheios de peças móveis em suas armas e armaduras. Os cenários são repletos de cores vibrantes em um aspecto que consegue tornar um mundo devastado e decadente num colírio para os olhos. Os traços dos personagens fogem do estilo realista para se adequarem mais a uma atmosfera de quadrinhos, com curvas e músculos bastante fora de proporção e com armaduras e armas enormes e exageradas. Tudo isso para criar um clima claramente inspirado do background anterior de Madureira, que fez sucesso trabalhando para Marvel em quadrinhos como Uncanny X-Men. Tanto que a semelhança com os traços usados nos heróis da editora é bastante perceptível, com War e Uriel reunindo várias semelhanças com personagens do grupo de mutantes da Marvel.

Os cenários são repletos de cores vibrantes em um aspecto que consegue tornar um mundo devastado e decadente num colírio para os olhos

Sons

Na parte sonora, o estilo musical usado em Darksiders é o da música clássica. Cantos gregorianos, corais e melodias épicas são usadas em abundância, fazendo jus ao escopo da aventura que realmente necessita de algo grandioso para acompanhar toda a ação apocalíptica. Nota-se aqui também um cuidado especial para que cada cena do game seja única com cada boss tendo seu tema e cada local com suas melodias características. Já nos efeitos sonoros, também houve o mesmo cuidado com sons de metal entrando em contato com outros metais, rasgando a carne dos inimigos, efeitos de lava e água correndo pelos cenários, sons ambientais, tudo para criar a atmosfera maravilhosa que o game tem, retratando a grande variedade de ambientes encontrados ao longo da jornada. Sendo assim praticamente o mesmo esmero usado para com o visual do game foi empregado à sua parte sonora, fazendo do título uma peça invejável no seu aspecto áudio-visual com a equipe da Vigil Games mostrando como dar vida a ambientes e personagens de forma convincente e com esmero.

Battle with Abaddon é um bom exemplo de como a trilha propõe algo épico

Mas mesmo com todos esses aspectos positivos, é claro que Darksiders sofre seus percalços. Uma coisa que pode vir a incomodar os jogadores tem a ver com a escolha para o ângulo de câmera dos combates, que é bastante próximo ao personagem, dificultando assim a visão do jogador em relação a inimigos que ficam fora de foco e atacam o cavaleiro de fora do campo de visão. Caso o jogo adotasse um estilo de câmera mais parecido com Devil May Cry ou God of War, os resultados poderiam ser ainda mais apreciáveis. Mas com um pouco de costume, dá para evitar grande parte das frustrações causadas pelos ângulos de câmera estranhos. Outro aspecto que pode causar alguma dor de cabeça é que algumas vezes o personagem pode ficar preso no cenário ou mesmo, em queda livre eternamente, algo apenas solucionado ao se resetar o game. Verdade que isso raramente acontece, mas é algo para se tomar nota. Felizmente o sistema de salvamento automático é bastante eficiente e será difícil do jogador perder grande parte de seu progresso caso algo aconteça. Além disso, há também a possibilidade de salvar o game manualmente em até quatro slots diferentes, sendo então mais uma opção para jogadores que querem evitar frustrações desnecessárias.

Veredito

A Vigil Games em conjunto com a THQ, lançou um jogo que tem tudo para agradar a um público bem diverso. Você gosta de ação? Exploração? Combates frenéticos? Bom enredo? Visuais e personagens cativantes? Darksiders tem tudo isso e muito mais. Ao apostar no tema dos cavaleiros do apocalipse, a Vigil Games deu um passo mais do que bem acertado na direção certa e com certeza criou uma nova IP que certamente figurará na lembrança dos jogadores por um bom tempo. Um trabalho excepcional e exemplo claro de que é possível sim ser original mesmo usando conceitos e mecânicas já consagrada de outros games num mercado tão saturado como os jogos de ação. Totalmente uma bola dentro da Vigil Games e um game altamente recomendado.

Warmastered Edition

A versão Remaster, aqui chamada de Warmastered Edition (WE), foi lançada para PS4, Xbox One, WiiU e PC. Para aqueles que já possuíam o título original na Steam podem ficar contentes, pois, se olhar atentamente em sua lista de jogos perceberá que a WE consta lá. Sendo perfeito para aqueles que ainda não o tinham jogado por uma razão ou outra.

O game em si continua sendo exatamente o mesmo da análise que você leu acima, entretanto ele vem com algumas melhorias. Todas elas gráficas como: resolução nativa de 1080p, melhor qualidade de renderização nas sombras e efeitos de pós-processamentos. Aqueles que buscam ultra suavidade também encontrarão isso nas versões de PS4, Xbox One e PC com os desejados 60 frames por segundo. Nesse sentido, a versão de WiiU “sofre” com os 30 FPS. Fora essas evoluções gráficas, o game é de pouco atrativo para quem já os jogou em sua forma original.