Fala galera!!! Ohhh, review de ARMS para o Switch!!!!! Darksiders 2!!! Rodando Planeta Gamer bombando!!! Esse site tá quase ficando pop demais para os meus jogos desconhecidos e referências obscuras.
Vamos ver se eu consigo corrigir isso hoje (mais ou menos, já que eu sei que tem pelo menos dois malandros aqui no site que já conhecem esse game, né Mysteron e JJJ?). E vamos fazer isso sem falar de um jogo de terror ou de robôs gigantes (ou kaiju, hehehe).
O jogo da semana é:
Blood Will Tell
Trata-se da adaptação de um mangá publicado entre 1967 e 1968, de Osamu Tezuka, intitulado Dororo.
Blood Will Tell acompanha a história de Hyakkimaru, um samurai amaldiçoado, que teve 48 (quarenta e oito) partes de seu corpo roubadas e oferecidas a 48 (quarenta e oito) demônios, por seu próprio pai, Kagemitsu Daigo, em troca de poder e invulnerabilidade.
Hyakkimaru, que nasce completamente deformado, porém ainda vivo tão somente em razão da maldição, e salvo por um curandeiro e artesão chamado Jyukai, que além de criar Hyakkimaru como um filho, faz o que pode para curá-lo da melhor forma possível, inclusive substituindo algumas de suas partes perdidas por próteses e maquinário, inclusive posicionando estrategicamente algumas lâminas, canhões e metralhadoras, aqui e ali.
O samurai é acompanhado em sua jornada por Dororo um jovem ladrão que passa a acompanhar o samurai em busca de riqueza, e talvez, de uma espada, de preferência, a espada de Hyakkimaru.
Trata-se de um jogo de ação em terceira-pessoa, primariamente um hack’n’slash, combinado com muita exploração e alguns puzzles, em razão da jornada de Hyakkimaru, além de alguns elementos de RPG (que hoje em dia, até Call of Duty tem, fazer oq…).
Blood Will Tell é bastante carregado em detalhes, tanto na sua direção de arte, construída para emular a obra de Osamu
Tezuka, sem abandonar a aparência “realística” dos personagens, quanto na própria qualidade dos gráficos e dos elementos do jogo, como, por exemplo, a roupa de Hyakkimaru
que vai se tornando cada vez mais destruída a medida que você avança no jogo (o que também pode ser visto, mais recentemente, nos jogos da série Arkham do Batman).
Outros detalhes interessantes é que a jogabilidade vai se modificando a medida que Hyakkimaru recupera as partes de seu corpo. O maior exemplo, talvez, seja a primeira seção de Blood Will Tell, toda em preto e branco, já que Hyakkimaru ainda não tem os seus olhos, enxergando apenas através de seus próprios poderes sobrenaturais (um efeito colateral do pacto que seu pai fez com os demônios), e com a prótese ocular construída por Jyukai.
Ao recuperar a sua perna, o samurai ganha a habilidade de correr, mas perde o canhão nela encaixado. A mesma coisa ao recuperar os seus braços, e assim o jogo vai avançando, até que os quarenta e oito chefes do jogo sejam derrotados. Para isso, é necessário bastante backtracking, já que diversas áreas do jogo somente são acessíveis após algum novo poder ou arma for adquirido.
Em resumo, Blood Will Tell é um jogo essencial para fãs de mangás, para fãs de hack’n’slash, para fãs de jogos com boas histórias e para fãs de jogos que valham a pena.
O mangá Dororo, do qual Blood Will Tell surgiu, também foi adaptado para uma série animada em 1969, e para um filme live-action em 2007.
Osamu Tezuka
Bora falar um pouco sobre Osamu Tezuka então (só um pouco, já que o cara tem até um museu, e vários livros escritos sobre a sua vida)? Pai mangá moderna, pai da animação japonesa, profundamente inspirado por Walt Disney, por quem nutria grande admiração.
Osamu Tezuka foi um quadrinista, cartunista (tem diferença?), animador, produtor, diretor, militar durante a Segunda Guerra Mundial (ele não lutou, trabalhando em uma fábrica, apenas lembrando que apesar do Japão ter feito parte do Eixo, pessoas ainda são apenas pessoas), médico (!!!), ativista, e diretor honorário do fâ-clube japonês do Superman (de fé).
Responsável por Astro Boy, Dororo, Kimba the White Lion, Black Jack, seu trabalho completo abarca mais de 150.000 páginas (sim, cento e cinquenta mil páginas desenhadas). Phoenix, obra que Tezuka iniciou na década de 50, teve capítulos publicados até sua morte, em 1989. A história foi finalizada post-mortem, contando com um anime, filmes animados, filmes live-action e, inclusive, alguns jogos.
Aliás, grande parte da sua obra foi adaptada múltiplas vezes, Blood Will Tell é só mais uma delas. Astro Boy, provavelmente a mais famosa de todas (junto com Black Jack), tem alguma novidade, a cada três anos, no máximo. A mais recente é uma adaptação animada, agora em produção de Pluto, um spin-off de Astro Boy.
Em 1965, Tezuka foi convidado por Stanley Kubrick para atuar como diretor de arte no seu mais novo filme em desenvolvimento, uma obra pequena e sem grandes ambições (hue) chamado 2001: Uma Odisseia no Espaço (prometo que eu conferi, odisseia não tem mais acento). Kubrick seria um fã da primeira adaptação animada de Astro Boy.
Tezuka foi obrigado a negar o convite, já que não poderia abandonar o seu estúdio durante mais um ano para participar da produção do filme na Inglaterra, mas teria adorado o trabalho de Kubrick, supostamente trabalhando longas noites embaladas pela trilha sonora (fodástica) do longa-metragem.
O autor também veio aqui para o Brasil mais de uma vez, encontrando-se, inclusive, com Maurício de Souza, onde os dois combinaram um trabalho em conjunto, engavetado com a morte do Osamu Tezuka, e finalmente publicado em 2012.
A sua lista de trabalhos publicados por Osamu Tezuka tem pelo menos uma obra para cada letra do alfabeto, e pode ser conferida aqui.
Enfim, o cara foi uma daquelas pessoas que entrou para a história, em razão da sua genialidade artística e contribuição cultural para a humanidade. Aquele tipo de pessoa que acaba tornando cada humano pelo menos um pouquinho melhor, só com o fato de ter existido. Não é à toa que ele é chamado de manga no kamisama, o Deus do Mangá.
Vou parar por aqui, já que esse é um daqueles temas que dá para falar infinitamente.
É isso aí galera, espero que curtam!
E, como sempre, bom jogo a todos!