Um Roguelike brasileiro com força pra se destacar?
Autor: Vinicius
Ficha Técnica:
Mana Spark
Data de lançamento: 27 de Maio de 2018 (Steam) / 22 de Dezembro de 2018 (Switch)
Plataformas: Steam (PC) / Switch (Nintendo)
Plataforma testada: Switch
Outras análises do autor para o RPG: Glory of Heracles (DS) / Alien. A trilogia (livros) / SteamWorld Heist (3DS)
De cara já da pra ver que esse é mais um jogo indie em 8-bits em um mar de jogos indies em 8-bits. Mas se você não vai fazer muito diferente dos outros, o mínimo que você pode fazer é fazer muito bem, e é o que acontece aqui. Mana Spark conta com belos efeitos de iluminação desde as partículas de mana que flutuam no ar, as tochas que permeiam as catacumbas ou a água que está no chão que criam belos efeitos de distorção quando se dispara uma flecha por cima delas ou quando um inimigo morre em cima.
Quanto a historia, nada muito original, mas une bem os elementos do jogo. A historia começa quando seu personagem é enviado para procurar pessoas que tem desaparecido aos montes, e como muitos jogos você pode descobrir mais da historia ao vasculhar prateleiras de livros ou alguns documentos deixados sobre mesas, e é recomendado que você estude esses documentos, pois eles dão dicas sobre inimigos mais fortes que você encontrará no futuro, e até mesmo sobre o processo de criação deles.
(…)Você pode descobrir mais da historia ao vasculhar prateleiras de livros ou alguns documentos deixados sobre mesas, e é recomendado que você estude esses documentos, pois eles dão dicas sobre inimigos mais fortes
Infelizmente nem tudo são flores, o jogo sofre de slowdowns quando tem muitos inimigos na tela e as vezes algumas pequenas travadas quando se mata um bom número de inimigos, também ocorrem glitches gráficos que fazem com que sprites de inimigos e até mesmo a tela pisquem. No Switch o jogo ainda sofria de crashes no lançamento, mas felizmente o jogo recebeu patches que corrigiram os problemas mais sérios.
Gameplay
Como todo Roguelike o objetivo é ir de andar em andar, matar todos os inimigos de uma sala para poder prosseguir para a próxima e procurar quaisquer itens que possam ajudar. O diferencial neste jogo são os inimigos, que possuem particularidades próprias e até uma inteligência artificial boa, que podem ajudá-los a te enfrentar ou atrapalhá-los, como alguns inimigos, que podem montar em lobos e javalis para aumentar sua resistência e velocidade, ou os previamente mencionados lobos que ao serem atingidos abaixam as orelhas e começam a mancar, ou até mesmo os Pyromancers que podem usar seus feitiços de fogo para transformar velas e tochas em turrets que persistem até mesmo depois de sua morte (mas que felizmente podem ser desarmadas atirando flechas e apagando-as) e aumentar a força dos inimigos próximos e inimigos com escudos que sempre o mantém virado na sua direção. Outro elemento legal dos inimigos é que fogo amigo é uma coisa que existe, então as vezes você pode usar um inimigo pra ajudar a matar outro que está causando problemas, como atrair um para a frente do projétil disparado por outro ou para cima de uma armadilha, ou utilizar o veneno deixado no chão por um certo inimigo pra envenenar outro.
O jogo ainda conta com subchefes, que são versões de elite dos inimigos que se costuma encontrar, mas obviamente muito mais fortes combinando habilidades de vários inimigos em um só e às vezes alguns dos mesmos upgrades que o jogador. Eles são todos opcionais, você geralmente os encontra em presos em jaulas e pode libertá-los, e caso consiga vencer a luta ganhara a chance de escolher entre 2 upgrades.
Que falando neles, são geralmente encontrados em certas salas e nos quartos estranhos, cômodos onde você pode gastar moedas pra conseguir um upgrade e guardar seus cristais de mana. Os upgrades em sua grande maioria possuem dois efeitos, um positivo e outro negativo, que eu acredito é uma boa forma de balancear os efeitos mais poderosos, com os itens que possuem apenas efeitos positivos sendo mais raros e existe apenas um item que eu consideraria nocivo ao jogador e ainda assim pode ser evitado. Um fato curioso é o nome de um dos itens, Isac’s Sorrow, uma jóia em forma de lágrima que aumenta o ataque (e um dos poucos itens com apenas o efeito positivo) e uma referencia interessante a Binding of Isaac.
E falando em upgrades o jogador possui um acampamento que pode ser visitado após morrer e que reúne vários personagens que podem ajudá-lo, como seu assistente que procura pessoas para ajudar na sua causa, um ferreiro que cria armadilhas, um chef que cria pratos que melhoram seus atributos como vida ou ataque e a chance de encontrar moedas e velocidade de disparar flechas, tudo isso em troca de cristais de mana, que são derrubados pelos inimigos do jogo. Nesse acampamento o jogador ainda pode utilizar um altar para recuperar um upgrade da ultima vez que entrou na dungeon (contanto que tenha ativado o altar) e escolher outro personagem jogável.
Entre três personagens jogáveis é fácil achar um que se encaixa melhor ao seu estilo de jogo. Você começa com o Hunter, personagem mais equilibrado que utiliza um arco e flecha, mas precisa estar parado para atacar e possui uma manobra evasiva que o deixa imune a ataques. O segundo personagem jogavel é a Guard, ela esta armada com uma besta e pode atacar em movimento e possui a velocidade de ataque mais rápida do jogo, mas possui menos vida que os outros personagens e seu poder de ataque é terrível precisando de até duas flechas pra matar o inimigo mais fraco e sua manobra evasiva é um dash que é mais rápido e não a deixa invulnerável, é desbloqueada após conversar com ela após o primeiro chefe. O terceiro personagem é o Warrior, o personagem mais lento, mas também o com mais vida e ataque mais forte, luta utilizando uma espada e escudo, infelizmente não possui uma manobra evasiva optando por utilizar um escudo que pode bloquear qualquer ataque temporariamente e por precisar ficar próximo aos inimigos pra atacar, é desbloqueado pouco antes do chefe final após resolver um puzzle simples e falar com ele. Quanto ao tamanho do jogo, é bem curtinho, pode ser terminado entre o almoço e o lanche da tarde, com apenas 3 chefes.
Som
A música no jogo é boa, sempre com um ar calmo, mas nos chefes que é quando o som engrena de vez. Os efeitos sonoros por outro lado são bem elaborados e proeminentes, desde o som das flechas sendo disparadas ao som dos esqueletos caindo, ao som das flechas sendo bloqueadas por escudos.
Veredito
Recomendo aos fãs do gênero que querem um jogo curto e familiar. O jogo ainda esta sempre em promoção no Steam e na Nintendo Eshop, então não é um prejuízo tão grande se você não gostar do jogo.
Se tiver que mencionar algo ruim, seria a otimização e o final, que é bem previsível e fraco, mas nada que seja o suficiente a tirar o brilho do jogo.