Nota do Editor

Gabuga, sempre ele, chega destruindo mais uma vez. Se da primeira vez ele trouxe nosso também primeiro preview do polêmico No Man’s Sky, agora ele volta destruindo tudo com as impressões do Oculus Rift. Uma das opções para a badalada realidade virtual. Acompanhe-o enquanto ele destrincha de forma minuciosa a novidade.

Virtualmente Real

Meu primeiro contato com a realidade virtual foi no meu curso técnico, onde um professor de alcunha Dito Caveira (um abraço grande mestre!) levou um óculos (na época não usávamos o termo headset) da Creative Labs. O jogo em questão era Doom e a tecnologia era bem rudimentar, basicamente uma tela em sua cara.

Mas essa experiência , ainda que crua, trouxe à tona um grande interesse em tecnologias mais imersivas. Muitos anos se passaram e a realidade virtual com um alto grau de interação saiu do âmbito dos animes como Sword Art Online para se apresentar como um novo modo de usufruir jogos e mídias. Assim eu resolvi embarcar nessa onda e descolar um handset VR para brincar, no meu caso adquiri um Oculus Rift.

O que vocês vão ler aqui são impressões pessoais e informações que fui adquirindo em minha pesquisa para a aquisição do headset, longe de ser uma análise técnica, está mais para uma análise de alguém apaixonado por tecnologia. Vamos comigo?

Antes de tudo, Habemos PC ?

Os handset de realidade virtual são conhecidos pela exigência de PC’s com boa configurações, os requisitos mínimos de hardware para o Rift são:

Placa de vídeo: NVIDIA GTX 970 / AMD 290 ou equivalente, Intel i5-4590 equivalente, 8GB de RAM, saída de vídeo HDMI 1.3 , no minimo duas USB 3.0 e uma USB 2.0 Windows 7 SP1 ou mais novo

A configurações do meu PC são as seguinte:

Placa de video AMD 390x com 8Gb de vram, processador AMD 8350 Black 8 nucleos 4.3 Ghz, 16Gb de Ram com windows 10

Na dúvida tanto no site da Oculus quanto no Steam tem um teste para verificar os requisitos do hardware. Aí vem a primeira pegadinha: o software fornecido pela Oculus tem dificuldade de reconhecer se alguns processadores atendem ou não os requisitos, no caso o meu processador, mesmo sendo superior ao I5 exigido, é reconhecido como incompatível.

O software do Steam testa a performance da máquina como um todo e depois verifica as configurações, neste caso minha maquina passou no limite do recomendados, como podem ver na imagem.

Não tive o prazer de fazer o unbox do Oculus por motivos de transporte, porem o conjunto chegou intacto na minha mão, esse conjunto consiste no headset, o sensor de posição, um controle simplificado e um controle do Xbox One com o Dougle usb para conectar o mesmo no PC.

Aqui vou abrir um comentário sobre o controle do Xbox One. Sempre tive consoles da Sony e seus devidos joysticks, e uso um joystick do Xbox 360 no PC, sempre considerei os Dualshoks superiores ao controle da Microsoft, porém o controle do Xbox One me surpreendeu positivamente. Achei-o muito superior em ergonomia e com um bom Dpad. Os pontos negativos são: usar pilha e porque ele não é Bluetooth?

O Rift tem as seguintes especificações:

Display OLED resolução de 2160 x 1200 com uma taxa de atualização dde 90Hz90Hz Campo de visão de 110 Graus com uma area de Tracking de 5 x 11 feet, possui fones de ouvido 7.1 e microfone embutidos, o Rift ainda conta com um conjunto de sensores como, acelerômetro, magnetrômetro, giroscópio e sensor posicional de 360 graus.

Voltando ao Handset a instalação é toda guiada, mas com um número grande de passo. Você vai precisar de no minimo duas portas USB 3.0 e uma porta USB 2.0. Ai vem a pegadinha, nem todos os controladores USB 3.0 se dão bem com o Rift como podem ver na tabela abaixo:

Etron USB 3.0 Extensible Host Controller

VIA USB 3.0 eXtensible Host Controller

ASMedia USB 3.0 eXtensible Host Controller

ASMedia XHCI Controller

Renesas USB 3.0 eXtensible-Hostcontroller

 

Como não podia deixar de ser meu PC foi um dos premiados. Já sabia disso com antecedência, pois o software da Oculus que verifica a compatibilidade avisa sobre isso, um dos problemas com maiores reclamações que vi era em relação ao som, pois a imagem para o Rift vai pelo HDMI, mas o som vai pelo USB 3.0, pois os fones do do Rift é 7.1 e ele é reconhecido pelo PC como uma placa de som externa, assim incompatibilidade da USB podem atrapalhar esse quesito.

No meu caso o problema que ocorreu não foi no som e sim no sensor de posicionamento, ele ficava conectando e desconectando direto, depois de uma pesquisa para evitar comprar uma controladora PCI USB 3.0 compatível, vi em um fórum uma uma solução que consistia simplesmente em liguei o sensor em uma USB 2.0 mesmo, fiz isso esta tudo funcionando bem até o momento.

Prosseguindo a instalação o Software do Rift detecta-se a configuração do PC e avisa se algo não estiver “0k”. Você pode pular esse aviso e dar prosseguimento a instalação, porém vai ficar com um alerta permanente na loja do Rift que seu hardware pode não proporcionar a melhor experiencia em VR, comigo aconteceu isso por conta do processador e da USB, como já falado acima.

Próximo passo, adicionar o numero do cartão de crédito e pronto! Tudo instalado. Na sequência é mostrado três demonstrações: uma com polígonos simples formando uma mini floresta com alguns animais, outra com um ET em alta resolução em um ambiente extraterrestre e finalmente um demostração que coloca você em cima de um prédio, que da um certo frio na bariga.

Feito isso podemos ir para a loja do Rift e brincar com seu conteúdo.

Nota do Editor:

Através do minucioso relato do Gabuga destaca-se que a instalação do Oculus Rift pode não ser indicado para leigos ou marinheiros de primeira viagem em PCs. Ela pode ser um tanto complexa e decepcionar quem espera por um “ligou, testou”.

As lojas

A loja da Oculus é um ambiente virtual chamado Oculus Rift Home, simulando uma sala de estar bem bacana, os aplicativos ficam flutuando em painéis na sua frente, criando um ambiente imersivo e intuitivo, os preços variam do gratuito até os $59, a navegação pode ser feita pelo controle do Xbox One ou pelo controle do Rift, e o conteudo pode ser filtrado por tipo, preço, grau de conforto no vr, etc. Abaixo temos uma ideia do ambiente da loja.

https://www.youtube.com/watch?v=1N6Lf9st2dQ

O Steam também possui ambiente para VR: o SteamVR. Após a instalação e uma rápida configuração, você é inserido em um tutorial em ambiente virtual com uma leve tirada com o ambiente padrão do Oculus, explico: você começa em uma sala que é desmontada se transformando em um ambiente amplo e clean. Após o tutorial você tem o Steam no modo Big Picture aberto flutuando na sua frente com alguns painéis auxiliares.

Um detalhe é que para usar o SteamVR, ou qualquer software de terceiros com o Rift é necessário habilitar “usar fonte de terceiros”, o software da oculus. Vejam como é no vídeo abaixo, no caso o headset é o HTC vive, mas é basicamente a mesma coisa.

O conteúdo

Não adianta estar no estado da arte da tecnologia se não existe conteúdo para desfrutar disso. Acredito que esse seja o maior questionamento em relação ao VR. No Steam fiz uma rápida pesquisa e encontrei 257 jogos/softwares compatíveis com o Rift. Na loja do Rift temos cerca de 115 itens, alguns comum a plataforma do Steam. Esse conteúdo varia de jogos complexos como Project Cars e Elite Dungerous, a jogos mais simples e “experiencia VR”. Existem softwares que são players de mídias que simulam cinemas e softwares que servem para acessar um catalogo de shows e documentários on-line.

Com a vinda o Playstation VR esse conteúdo tende a aumentar ainda mais, pois jogos como Batman VR e Residenti Evil 7, entre outros já mostrados, promete vir para o PC também.

Desta forma já temos um bom contudo para VR nos dias de hoje, com uma tendência forte de esse conteúdo expandir. O quanto e quão rápido sera essa expansão só a popularização dessa tecnologia dirá, mas vejo um futuro bem promissor, pois o Scorpion da Microsoft também esta entrando nesta onda e existem rumores que até mesmo a Big N esta de olho neste mercado.

A experiência do VR

Umas das primeiras perguntas de quem vai usar um headset VR pela primeira vez é: “vou passar mal”? Esse mau estar que varia em tonturas a enjoos fortes é conhecido como motion sickness. A causa básica é que o seu cérebro acha que seu corpo esta se movendo e seu ouvido interno diz que não. O seu corpo interpreta isso como se você tiver consumido alguma toxina e tenta colocar ela pra fora. Basicamente é a mesma coisa que acontece quando você esta bêbado e o quarto começa a rodar. Esse efeito é mais acentuado em pessoas que praticam atividades físicas que lhe dão uma grande percepção do corpo no espaço, como skate, surf, ginastica olímpica, etc.

Este problema era bastante grave na versão DK (developer kit) do Rift e foi bem acentuado no DK2 e na versão atual (CV1), pouquíssimas pessoas tem reclamado, isso graças ao aumento na taxa de quadros que alivia fortemente os sintomas.

Particularmente não tive nenhum problema desses, acredito que por três motivos: sou altamente sedentário, estou acostumado a ficar bêbado e a tecnologia realmente é boa.

Na questão de conforto, o Rift é bem balanceado em seu peso e é confortável, você simplesmente esquece que ele esta lá.

Visualmente é como olhar uma tela de alta resolução de perto, você consegue ver tudo muito detalhado, mas se prestar atenção vai ver os pixels. Isso me incomodou um pouco, mas assim que a ação começou simplesmente esqueci disso.

Tenho um colega que usa óculos de grau e experimentou o Rift aqui em casa, ele me disse que a experiencia é “OK”, dá pra usar e os óculos (os de grau) não atrapalham, mais você sempre vai lembrar que eles estão lá.

Bem agora Vamos ao que realmente interessa. Os softwares de VR Que podem ser divididos em:

Jogos

Aqui está o interesse para 99% das pessoas, em um primeiro momento eu julgava que a Realidade virtual seria muito interessante para alguns estilos: FPS, Jogos de corridas, Simuladores de voo e afins, em suma, qualquer coisa que usa-se uma visão de primeira pessoa. Bem realmente esse jogos são os mais abundantes no acervo e trazem uma imersão descomunal. Elite Dungerous fica fantástico, você conseguir desvincular a visão da mira é algo incrível, torna mais interessante a ampla maioria dos jogos em primeira pessoa, no Elite as perseguições de nave nos combates tomam uma nova intensidade, um novo realismo como podem ver no vídeo a seguir, o primeiro é um tour nos cockpits das naves do jogos e o segundo é um combate espacial.

No Projetc Cars você aproxima a cabeça para olhar no retrovisor, olhar o painel do carro, ver a paisagem passando na lateral, tudo isso de forma natural. O que torna a experiência incrivelmente real, ainda mais se acompanhada por um bom volante. Confira no vídeo:

No final o sentimento é um só, simplesmente você não esta controlando um avatar de longe ou vendo algo acontecer, você esta lá, participa da ação, é a ação. É simplesmente incrível e uma experiência que toda a pessoa que aprecie uma boa jogatina eletrônica devia ter. Faça um favor a si mesmo e use um headset VR assim que puder. Simplesmente palavras não fazem jus a sensação, você tem que experimentar.

Como falei acima eu achava que experiencia em primeira pessoa eram a razão de ser da realidade virtual, isso até experimentar o jogo Luckys Tale, ele é um jogo em plataforma em 3d que o Rift faz a função de câmera, o jogo é “só” legal, mas o uso do rift faz ele ficar muito bom. Você interage com o personagem principal, aproximando dele e executa várias “gracinhas” como cair sentado ou acenar, mas, o mais legal é poder olhar o cenário por todos os ângulos, se levantar da cadeira para uma “panorâmica” ou chegar pais perto para um “zoom”, novamente palavras não descrevem, mais confiram o jogo no vídeo abaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=2LmzG__XIfg

Além disso, todos os jogos são em um 3D de ótima qualidade. É impressionante, a melhor implementação e uso de 3D que eu já vi na vida.

Experiências

As “experiências VR” são softwares que simulam algumas situações, como as famosas montanhas russa, saltos de alturas absurdas ou mergulhos no fundo do mar. Aqui também temos shows que simulam que você esta assistindo de uma área VIP (O do Paul McCartney é muito bom). Existem passeios a museus e mesmo viagens no tempo, como visitar a pré-história, em sua maioria são experiências pouco interativas que no máximo você anda sobre trilhos, algumas são legais, algumas são bem toscas mas estão aí para fazer você viajar e fazer coisas diversas sem sair da sua poltrona. O Legal da realidade virtual é que ele realmente consegue tapear o seu cérebro, seu lado racional tá dizendo que você está sentado seguro, mais o seu lado instintivo vive a situação. Para mostrar o que eu estou dizendo, com um certo exagero, olhem o vídeo a seguir, ele não é do Rift, mas vale pelas risadas.

Aplicativos

Nos aplicativos destacam-se os softwares como players de mídia, existem vários, um que uso, emula uma tela de cinema enorme e, se o filme suportar o vídeo, pode ser em 3D ,o que é bem maluco ver um vídeo em 2d em um ambiente 3D, só vendo mesmo pra entender. O som em 5.1 ou 7.1, o programa ainda permite escolher o ambiente entre sala de cinema home vídeo, assistir o filme como se fosse uma formiga em um jardim (assistir “Vida de inseto” assim deve ser foda) ou mesmo montar uma tela de cinema na lua. Você pode rodar videos da internet como do youtube e facebook, incluindo os vídeos 360 ou vídeos armazenados no seu PC, realmente o programa é muito bom.

Outro legal é o virtual desktop, que permite usar seu desktop em um ambiente virtual em 3D, neste caso todos os seus programas estão disponíveis, você pode navegar na internet, editar um documento (como estou fazendo agora) ou mesmo assistir netflix, ou tudo ao mesmo tempo em janelas flutuantes.

No mais existe uma variedade de softwares para as coisas mais loucas em VR, vale a pena gastar um tempinho explorando as possibilidades.

Aumentando o Acervo

Bem mas eu tenho que ficar preso no conteúdo feito pra VR? E se eu quiser jogar Skyrim, ou GTA V, posso? Existem softwares que fazem essa mágica. O principal deles é o VorpX um software que custa $40 e que faz conteúdo não VR rodar em VR, ele pode fazer isso de dois modos: um é o modo cinema que simplesmente exibe o jogo dentro de uma tela gigante no headset e o segundo modo que é o modo Rift que faz o jogo ser exibido em 3D com traker de câmera controlado pelo headset, ou seja , faz que ele seja exibido como um conteúdo nativo de VR. Lógico que esse modo exige um certo numero de configurações e teste, porem nada de muito complicado pra quem é entusiasta. Na sequencia segue Super Mario Galaxy rodando no Rift, mostrando que a solução também serve para emuladores.

Concorrentes

Hoje como concorrentes diretos temo o HTC Vive e num futuro próximo o Playstation VR (PSVR). O Vive custa $800 e o PSVR custará $400.

O Vive se destaca por ter um método de rastreamento mais completo e com um par de controles que simula suas mão (o Rift ganhara controles parecidos em breve no valor de $200 ), tem como ponto negativo uma instalação mais complexa, pois necessita fixar vários sensores no cômodo que será usado e também por exigir uma área maior.

O PSVR é a aposta da Sony na realidade virtual, tem como promessa ter 30 jogos em seu lançamento. Deve-se notar que o custo de $400 é somente do headset, para funcionar o PSVR precisa da PScam e opcionalmente do PS move.

Alternativa mais em conta

Outras alternativas mais em conta são o Gear VR (nem tão mais em conta) e o google cardboard, VRbox e seus derivados, todos trazem uma experiencia VR usando seu smartphone, então ai recomendo um com processador razoável e uma tela de no minimo 5 polegadas. A experiencia ai é limitada pelos softwares disponíveis nas app store dos celulares e o conforto é relativo, pois devido baixa taxa de atualização o usuário fica mais propenso a tonturas e enjoos.

Caso queira uma experiencia mais próxima ao Rift e seus concorrentes vocês podem usar o software VRidge (https://riftcat.com/vridge), ele projeta a tela do seu pc no seu smart e usa os acelerômetros do mesmo para o trace da câmera.

Vale a pena?

Os headset VR trazem uma experiencia fantástica, com um conteúdo variado e muitas promessas, porém faz isso a um custo elevado. Se você é um entusiasta e quer “entrar nos jogos” e ainda acha o investimento válido, vá sem medo. Caso ache que ainda não é hora, aconselho esperar o debut do PSVR e ver como o mercado responde.

Mas tenha algo em mente: a realidade virtual é algo realmente fantástica, tipo aquelas ficções que víamos e pensávamos “porque isso não existe de verdade?”. Bem! Agora existe. Virtualmente.