A Sony lança um novo portátil. Mais poderoso que seu rival direto, praticamente um console de mesa, mas, que cabe na palma da mão. Além da potência para games, ele é cheio de recursos multimídia. Começa mal. Bem mal. Mas, com o apoio massivo da empresa que o criou ele começa a receber atenção das thirdies e pronto! Sucesso! Consegue até, em certo ponto, incomodar seu rival de semelhante pequena estatura. A este ponto, o leitor já percebeu que não é sobre o Vita que estou escrevendo. Sim! Estou aqui para falar do portátil da Sony que não foi “abandonado” e, pasmem, deu certo! Mas, este texto não é sobre as razões do sucesso do PlayStation Portable, o PSP, e sim de 3 games que saíram para ele e de repente você pode não ter dado o devido valor. Se este é realmente o caso, corrija este erro o quanto antes. Abaixo te dou alguns motivos para você inclui-los em sua backlog ou voltar a jogá-los.
3. Crisis Core (Square Enix)
Em idos de 2007 a Square Enix lançou em datas próximas a sua então aguardada compilação do cultuado Final Fantasy VII. A compilação trazia 4 oportunidades para se revisitar a história dos personagens de FFVII de forma inédita. 1ª. Advent Children, uma animação pós FFVII de gosto duvidoso que apostou nas belas computações gráficas, mas, que trazia consigo também um roteiro um tanto quanto arrastado e que não engrena em momento algum; 2ª. Before Crisis, game para mobiles que poucos ocidentais conheceram. É exclusivo do mercado japonês; 3ª. Dirge of Cerberus, game para PS2 que foi ainda mais criticado que Advent Children; e por fim: 4ª. Crisis Core.
O grande destaque de Crisis Core reside em visitar as origens dos personagens já conhecidos
Aqui temos quase uma unanimidade. Zack Fair e seu carisma caíram nos braços e gosto do público. Nesta aventura pré-FFVII, pra ser exato sete anos antes, Zack Fair está em sua jornada para se transformar em um Soldier de primeira classe. O game é audacioso em abandonar suas raízes de RPG em turnos e aposta em uma vertente mais Action. Você ainda pode aprender as magias comuns ao universo FF, como Fire, Blizzard e ainda outras. Mas, elas são usadas de uma forma mais rápida, em batalhas que estimulam a velocidade de reação e que são mais curtas. Cuidadosamente planejadas para uma versão mobile. A abundância de Saves Point também reforçam esse design.
Mas, o grande destaque de Crisis Core reside em visitar as origens dos personagens já conhecidos. Como Cloud se tornou aquele loiro carrancudo e mau humorado? Aerith sempre foi fofinha? Ela já se apaixonou por outro alguém? Como Sephiroth se tornou tão filho da *$#@? E o principal: como Zack Fair pode ser um protagonista até mais interessante que seu amigo loiro? Na verdade, dispensando a polêmica ou talvez a instigando ainda mais, encaro os protagonistas como retratos históricos da época de seus lançamentos. Em idos de 1997, personagens mau humorados e com grandes traumas costumavam fazer nossas cabeças. Perceba, nas sequências dos títulos principais de FF, quase sempre temos protagonistas bem humorados e bem resolvidos. Talvez nenhum deles tenha alcançado a popularidade que Cloud conquistou, mas, veja, Terra, facilmente uma das protagonistas mais instigantes e interessantes também não teve esse reconhecimento público. Talvez isso seja discussão para um futuro artigo.
Graficamente Crisis Core fazia uma bela presença e explorava bem o portátil da Sony. Gráficos em tempo real bem trabalhados, onde é um dos games mais bonitos do PSP. Aliado a isso tínhamos as belíssimas CGs, uma marca registrada de toda a série. Em questões de músicas temos reinterpretações fantásticas de temas conhecidos de sua aventura cronologicamente posterior, mas, há também novos temas e aguarde para soltar um suor de seus olhos ao chegar ao fim da jornada e seu tocante e emocionante tema.
Se eu ainda não consegui te convencer saiba que o game conta com uma ótima nota de 83/100 no Metacritics (67 críticos). Zack Fair realmente merece sua atenção.
Disponível onde? Exclusivo PSP.
2. Kingdom Hearts: Birth By Sleep (Square Enix)
Mais um game da Square Enix. Alguém cumpriu seu dever de casa no PSP. Em idos de 2010 os fãs ainda tinham muito hype pela curiosa série que mistura os universos da Square e Disney. E ainda naquela época as incursões de Sora e CIA nos portáteis não assustava. Aliás, de todos os spin-offs lançados da franquia, Birth By Sleep é, seguramente, o mais bem sucedido deles. Seja na aceitação de críticos ou até mesmo em todo seu design e execução.
Diferente de alguns dos outros spin-off, aqui temos uma história que realmente importa. Trata-se de eventos pré-Kingdom Hearts (10 anos antes). Explicam de forma eficiente e divertida as origens do grande vilão da série, dos keymasters e ainda elucida algumas pontas soltas deixadas nos outros episódios principais. Temos também uma nova forma de jogar, desta vez você conta com três protagonistas: Terra, Aqua e Ventus. Você joga com os personagens em momentos distintos e suas narrativas vão se entrelaçando umas as outras de forma criativa e sedutora, aumentando e estimulando de forma sagaz o replay do game.
Graficamente encaixo Birth by Sleep como o game mais bonito de toda a gameteca do PSP. E olha que esta missão é difícil já que tantos games utilizaram de forma eficiente toda a potência do portátil da Sony. Os outros dois games desta lista são exemplos disto. As texturas são fantásticas e a direção artística permite que o game envelheça muito bem, obrigado. Sonoramente temos mais destaque: dublagens soberbas (destaque para Leonard Nimoy e Mark Hammil), músicas originais bacanas e reinterpretações sublimes tanto da Disney quanto da Square. Também pudera, quem puxa as composições de Birth By Sleep é a fabulosa Yoko Shimomura.
Encaixo Birth by Sleep como o game mais bonito de toda a gameteca do PSP
Devo destacar também que o game oferece quase infindáveis formas de evoluir seu personagem e configurar sua forma favorita de atacar seus adversários. Com um invejável Metacritics de 82/100 entre 62 críticos, Birth by Sleep não vai te deixar dormir até terminar o game.
Disponível onde? PSP e em Kingdom Hearts 2.5 (PS3)
1. Metal Gear Solid Peace Walker (Konami)
Valorizo todos os trabalhos de Kojima. Aliás, fácil mesmo é admirá-lo, afinal, é uma das mentes mais brilhantes deste nosso hobby. Entretanto, em Peace Walker fica mais evidente sua genialidade. Aqui, Kojima repensa toda sua aclamada série para aportar de forma perfeita em uma plataforma portátil. Gráficos, músicas, interatividade, minigames, cutscenes, missões e até as famosas conversas do codex são pensadas para o design do game. Por essa razão ele é um game extremamente competente. E o sucesso do design é tão grande que várias das ideias usadas em Peace Walker foram reutilizadas no Metal Gear Solid V: Ground Zeroes e parecem que serão amplamente utilizadas em Phantom Pain, a começar pela administração da base.
Mas, vamos por partes. Peace Walker se passa após os eventos de Snake Eater (MGS 3) e Portable Ops. Snake e sua organização mercenária são convidados a ajudar a evitar a criação de um perigoso projeto em Costa Rica, projeto este que se chama Peace Walker. Snake se sente seduzido a auxiliar ao ouvir em uma fita cassete uma voz conhecida: a voz de sua antiga tutora, The Boss.
O plot parece simples, mas, você conhece Kojima. Uma série de desdobramentos incríveis e improváveis acontecem após este início “simples”. Falando da gameplay de Peace Walker, temos aqui missões mais curtas, explorando a portabilidade do sistema. Os cenários são menos amplos também, mas, isso não quer dizer que você não tenha o que fazer. Explorar cada canto dos cenários permite abrir atalhos, encontrar novos inimigos que aliás, são capturáveis (temos que pegar!!!) e encontrar novos itens ou informações confidenciais que habilitará novas roupas e armas. Em Peace Walker estreou também sua oportunidade de administrar a Mother Base. Um minigame divertido onde você precisa colocar suas unidades dispostas em locais conforme suas habilidades: batalha, cozinha, inteligência e enfermaria são exemplos. Quanto mais bem administrada, melhor sua Mother Base será. Permitindo curar mais rápido os feridos, criar itens e armas melhores a serem usadas nas missões, etc. Aliado a isso há as operações de campo. Neste modo você deve mandar suas unidades de batalha para missões específicas e que você não os controla, os resultados vem após o cumprimento de alguma missão principal e você pode receber recompensas. Mas, uma má administração destes recursos pode te fazer perder suas unidades e até seus veículos móveis. Ahhh! E por falar em veículos móveis, todo veículo que você conquista nas missões principais (helicópteros, tanques, etc) serão seus e poderão ser usados nas Operações de Campo. Tudo isso apenas nos “minigames”. Peace Walker realmente possui muito conteúdo. Nas aventuras principais temos o desdobramento da história através das missões de Snake, aqui muito próximo da gameplay já conhecida de Metal Gear Solid IV e episódios anteriores. As belas cutscenes são no formato ilustração animada que são assinadas pelo talentoso Ashley Wood.
Kojima repensa toda sua aclamada série para aportar de forma perfeita em uma plataforma portátil
Graficamente o jogo é muito competente. Texturas bacanas nos cenários, nas roupas e rostos dos personagens. Se jogado no portátil ele aparenta ser mais bonito por não ter uma resolução muito grande onde você possa “caçar erros”. Fora isso há uma variedade grande de cenários para explorar: florestas, pântanos, bananais e o interior de bases inimigas. Sonoramente temos mais uma vez um trabalho muito bacana. O destaque fica para as ótimas dublagens e o tema “Heavens Divide” (performance de Donna Burke).
Com a excelente nota de 89/100 no Metacritics (66 críticos), Peace Walker é um game que faz jus a toda pompa e megalomania da série. Deve ser apreciado por qualquer gamer fã de um bom design de jogo. Para os fãs de Metal Gear Solid ele se torna ainda mais indispensável, pois, o seu desenrolar é de fundamental importância para Ground Zeroes e Phantom Pain.
Disponível onde? PSP e nas versões Metal Gear Solid HD Collection (PS3/Xbox 360) e Metal Gear Solid Legacy (PS3).