A Nintendo está dominando as notícias nos últimos meses, seja com o sucesso absoluto de Pokémon Go ou com o recente anúncio do relançamento do seu clássico console, o NES, ou nintendinho para os íntimos no Brasil. O novo modelo foi batizado NES Classic Edition.

Com todos os holofotes para ela, é claro que a empresa japonesa não está livre das críticas e questionamentos sobre seus produtos. Afinal, é a Nintendo e já faz algum tempo que própria adota modelos de negócios polêmicos para cenário de games contemporâneo. Será que toda essa atenção é merecida ou só um ataque de nostalgia em quem era fã dos produtos da empresa durante a infância? Vamos analisar o relançamento do NES.

O que é o NES Classic Edition?

É uma nova versão do console a que muitos atribuem a recuperação do mercado de games após a crise de 1983. Ou quase isso.

Acontece que a Nintendo não está devolvendo ao mercado o console como era o clássico, para você poder usar com aqueles seus cartuchos perdidos no fundo de uma caixa desde a sua infância. O novo modelo virá com 30 jogos na memória, e só. Não será compatível com os velhos cartuchos nem possuirá nenhum meio de adquirir novos jogos por mídia digital.

O negócio é bem parecido com o que a TecToy faz há anos aqui no Brasil com o Master System e Mega Drive, uma máquina rodando algum tipo de emulador e vem com um pacote de jogos definido para você só conectar a TV e curtir sem muita burocracia.

Consoles Master System TecToy
A TecToy já produz consoles da Sega em um modelo parecido com o que será o NES Classic

A lista oficial de games presentes no console é a seguinte:

  • Balloon Fight™
  • BUBBLE BOBBLE
  • Castlevania™
  • Castlevania II: Simon’s Quest™
  • Donkey Kong™
  • Donkey Kong Jr. ™
  • DOUBLE DRAGON II: THE REVENGE
  • Dr. Mario™
  • Excitebike™
  • FINAL FANTASY®
  • Galaga™
  • GHOSTS’N GOBLINS®
  • GRADIUS™
  • Ice Climber™
  • Kid Icarus™
  • Kirby’s Adventure™
  • Mario Bros. ™
  • MEGA MAN® 2
  • Metroid™
  • NINJA GAIDEN
  • PAC-MAN™
  • Punch-Out!! ™ Featuring Mr. Dream
  • StarTropics™
  • SUPER C™
  • Super Mario Bros.™
  • Super Mario Bros. ™ 2
  • Super Mario Bros. ™ 3
  • TECMO BOWL
  • The Legend of Zelda™
  • Zelda II: The Adventure of Link™

 

O console será lançado pelo valor de U$59,99 no dia 11 de novembro de 2016. O preço comum de um game lançamento para os consoles de nova geração.

Por que vou comprar se eu posso jogar em emulador?

Um dos pontos que mais foi usado contra o novo produto da Big N é que com a facilidade dos emuladores não há motivo para a compra do NES Classic. O problema aqui é simples: emulação é pirataria.1

Mesmo que a prática de emulação seja bem difundida e não tão mal vista como outros modelos de produtos piratas, utilizar um emulador de determinado sistema com roms de jogos comerciais é sim um uso ilegal e muitos usuários preferem ter produtos oficiais quando há opção fornecida de forma justa.

Caixa do NES Classic Edition

Não é possível comparar um produto original, de distribuição oficial, com uma alternativa ilegal. Na questão financeira do consumidor o caminho da pirataria é sempre o mais barato, mas ainda assim prejudicial a empresa detentora dos direitos.

O valor é justo?

Sim, muito justo. É aqui que a situação necessita de uma análise mais detalhada.

Como dito anteriormente, o preço anunciado para o aparelho é o mesmo de um lançamento para os consoles da atual geração. U$59,99 é um custo excelente para uma coletânea de 30 jogos.

Para efeito de comparação, os jogos clássicos disponíveis na e-shop para o virtual console da Nintendo possuem um custo de U$4,99. Em uma conta simples, o valor dos jogos se comprados individualmente é de U$149,70 — U$89,71 a mais que o próprio NES Classic.

Além do custo dos jogos individuais ser maior, temos que levar em consideração que para jogar os games da e-shop você precisa de um console Nintendo compatível com o virtual console, como o Nintendo 3DS ou Wii U. O NES Classic além de oferecer os jogos por um preço consideravelmente menor, não tem a necessidade de qualquer outro console para ser utilizado.

O que pode estar causando muita confusão nos consumidores é justamente o formato. A Nintendo está vendendo uma coletânea de jogos por um preço de coletânea, mas incluindo a plataforma para se jogar.

 

Sonic Ultimate Genesis Collection e Rare Replay
Estamos acostumados com coletâneas de jogos clássicos no mercado.

Nós estamos habituados a comprar coletâneas de jogos, como por exemplo Sonic’s Ultimate Genesis Collection (PS3, Xbox 360) ou Rare Replay (Xbox One) por preço de um jogo em disco, mas com a necessidade de um aparelho específico para rodar os jogos. Por que essas coletâneas são interessantes e uma coleção que inclui o console é “exploradora de fãs”?

Se o NES Classic chegasse às prateleiras com uma etiqueta de U$150 o valor seria preocupante, mas não é o caso. É uma compra mais vantajosa que qualquer outra coletânea de games disponível hoje no mercado.

E no Brasil?

Como o console vai chegar ao Brasil é sempre uma surpresa. Pela lógica e uma conversão direta do dólar, o aparelho deveria chegar no mesmo custo de lançamentos, mas como os lojistas locais tendem a ser criativos nesse ponto podemos esperar um valor maior.

Mesmo que o NES Classic chegue ao mercado por U$59,99, o preço no Brasil provavelmente será mais alto apenas por ser um console. Vai ficar o preço que colar nas principais lojas especializadas.

Se tivesse que dar um palpite seria na faixa de R$350 pela malandragem de algumas lojas, o que sem dúvida não é preço atrativo para o produto, mas é um problema nacional e não responsabilidade da Nintendo.

Eu devo comprar?

Isso vai de cada um. Você faz questão de ter produtos oficiais? Você possui um Wii U ou 3DS para comprar na e-shop? É um colecionador?

Quem já está habituado ao uso de emuladores e não se importa de ter um produto oficial provavelmente não vai encontrar muitos motivos para a compra. Agora se você for do perfil que se sente bem ao ter produtos oficiais e contribuir com a produtora, talvez o NES Classic possa ser uma boa adição a sua estante de jogos.

1 – O objetivo do artigo não é discutir a legalidade de emuladores ou condenar quem os usa, apenas apresentamos os fatos. Emuladores podem ser muito interessantes do ponto de vista de arquivo histórico ou acesso à raridades, mas o assunto será debatido em outro artigo.