Nota do Editor:

Essa é a primeira análise escrita pelo membro de nossa comunidade Vinicius. Vinicius gosta de jogos de cartas digitais, Nintendo e ainda mais, mas, se você é leitor assíduo do RPG deve conhece-lo melhor através de nossos Tavernas. Ele é um dos participantes mais ativos. Desta feita ele faz análise autoral sobre SteamWorld Heist, título multiplataforma que tem um excelente Metacritic de 86/100 (versão 3DS).

Assim como o Vinicius, você pode escrever seu texto para publicarmos aqui no RPG. Pode ser uma análise, um artigo, um TOP games da sua plataforma favorita, etc. Se tiver interesse em divulgar seu texto para a comunidade pode entrar em contato através da aba Fale Conosco.

A serie Steamworld é estranha, o primeiro jogo da série foi um tower defense, o segundo foi um “metroidvania“, e o terceiro jogo da serie é um jogo de estratégia por turnos, mas com um diferencial: visão lateral.

História

A terra explodiu, e seus únicos sobreviventes foram os Steambots, ou cowbots, robôs movidos a vapor que seguem contentes continuando sua existência como fazendeiros, marinheiros, entre outros trabalhos, e os Dieselbots, robôs movidos a diesel, que assumiram a responsabilidade de reconstruir a terra, mas, como é de praxe, o grupo tornou-se corrupto com o tempo, e hoje abusa dos steambots como cidadãos de segunda classe.

A história principal gira em torno da Capitã Piper, e sua gangue de piratas espaciais que rouba de outros steambots para manter-se independente

Com a backstory fora do caminho, a história principal gira em torno da Capitã Piper e sua gangue de piratas espaciais que rouba de outros steambots para manter-se independente de outros grupos, até que uma associação violenta, conhecida como Scrappers começam a atacar. Para evitar chamar a atenção de forças imperiais, nossos protagonistas decidem combater os temidos Scrapbots, para eliminar a concorrência e enriquecer em cima de um grande problema.

Visual

O estilo gráfico é bem similar a SteamWorld Dig, mas ao mesmo tempo distinto, o suficiente pra saber que são dois jogos diferentes que acontecem no mesmo universo.

Os cenários são bem detalhados, mesmo que um tanto repetitivos, com belas sombras e cores vibrantes, que mostram bem o contraste entre a degradação das periferias aos ambientes estéreis e artificialmente limpos do centro da galáxia.

Os cenários são bem detalhados, mesmo que um tanto repetitivos, com belas sombras e cores vibrantes, que mostram bem o contraste entre a degradação das periferias aos ambientes estéreis e  artificialmente limpos do centro da galáxia.

E falando em detalhes, os personagens são cheios deles, cada um é distinto e não existem 2 personagens jogáveis remotamente parecidos, e pode-se entender muito de suas personalidades e habilidades só de olhar para eles. Como por exemplo, o primeiro personagem da sua equipe, Gabriel “Sea Brass” Stubb, só olhar pra ele você entende que era um marinheiro graças ao seu gancho, perna de pau e design estereotipado. Dá até pra imaginar ele tomando uma cerveja com o Popeye.

Para citar Glen Hetrick, jurado do programa face-off, “(…)cada personagem conta uma historia”.

E não posso deixar de mencionar as animações dos personagens que são um pouco duras, o que é de se esperar pois são todos robôs. Nem é uma reclamação, só uma observação.

Som

As músicas refletem bem o ambiente, como em bares e saloons que se toca uma musica estilo country/folk, pela banda Steam Powered Giraffe, as vezes vinda da jukebox ou da banda local, ou nas fases no qual a musica é um estilo mais tecno industrial. Mas, infelizmente, várias vezes a musica é mais um som ambiente e fácil de ser esquecida.

Os efeitos sonoros, porém, são bem melhores, com sons metálicos fortes vindos dos passos dos robôs, e os disparos das armas que são diferentes entres todas as classes de armas, e até o som de seus projéteis quando eles atingem as paredes ou outros obstáculos.

Gameplay

Pra sumarizar, é como se o jogo fosse um X-com 2D, mas, dependendo menos do fator sorte, e mais da habilidade do jogador. Com isso eu quero dizer que, é um jogo de estratégia por turnos, que todo movimento e tiro contam, e ao invés de depender de uma calculadora pra saber se o seu golpe vai acertar, depende apenas da sua habilidade de mirar e entender como a trajetória de um projétil funciona, como por exemplo: rifles sniper, que permitem vários ricochetes nas paredes ou lança granadas que lançam bombas que explodem em contato com inimigos mas ricocheteiam em paredes até 3 vezes e podem causar dano por fogo amigo. E muitas vezes deve-se levar em consideração elementos terciários como barreiras ou óleo que se incendeia quando se atira nele.

(SteamWorld Heist) é um jogo de estratégia por turnos (que) depende apenas da sua habilidade de mirar e entender como a trajetória de um projétil funciona

E não só a sua habilidade de mirar é importante, mas usar as habilidades únicas de cada um de seus personagens de maneira estratégica é extremamente importante, como a habilidade da Capitã Piper de buffar aliados próximos, ou de um certo outro personagem que ganha um movimento extra após matar um inimigo, podem fazer muita diferença durante as missões do jogo.  E falando em personagens, cada um pode ser customizado com uma arma, dois itens que variam de granadas, coletes a prova de balas e kits de reparos, e um chapéu.

E falando nos chapéus, eles são adornos unicamente estéticos, que não afetam em quase nada o gameplay, apenas existindo pra parecer legal. Eles fazem parte de uma das mecânicas mais inúteis e incríveis do jogo, a habilidade de remover os chapéus dos inimigos com um tiro e roubá-los (sendo esse o único jeito de conseguir alguns que sejam raros, ou os chapéus dos chefes).

Falando nos chapéus, eles são adornos unicamente estéticos, que não afetam em quase nada o gameplay, apenas existindo pra parecer legal. Eles fazem parte de uma das mecânicas mais inúteis e incríveis do jogo, a habilidade de remover os chapéus dos inimigos com um tiro e roubá-los

Voltando a mencionar as missões elas podem ser escolhidas em um mapa, semelhante aos mapas de jogos como os do Mario. Existem varias missões extras e outras que existem apenas para testar suas habilidades, que são liberadas conversando em bares ou ganhando fama por completar missões.

Um problema do jogo é como algumas missões são um tanto que desbalanceadas, como as vezes a dificuldade entre duas missões seguidas será muito diferente, só pra na próxima fase a dificuldade cair muito, algo que se deve ao fato de a maioria delas ser gerada aleatoriamente, as vezes criando salas cheias de inimigos, e outras vezes com quase nenhum.

Outro problema é que os personagens só buscam um lugar pra se abaixar se estiverem próximos a um bloqueio, mas devido a natureza do jogo cada bloqueio só esconde um personagem, e o personagem que esta atrás dele nunca se abaixa e vira um alvo fácil pros inimigos. E quanto a dificuldade, jogar nos modos mais difíceis não traz muitas recompensas, só mais penalidades. Como por exemplo menos água (a moeda corrente do jogo) e menos EXP. Forçando muito Grind se você quiser comprar algum item ou arma.

Assim como muitos jogos indies, Steamworld Heist sofre de overdose de referências, com elas variando de nomes de missões, a nomes de armas e chapéus. Nem é uma grande reclamação que interfira na gameplay, mas, é uma coisa que me incomoda um pouco em indies.

Um problema exclusivo da versão de WiiU: os únicos 2 controles que o jogo aceita são o Gamepad e o Pro Controller do Wii, não reconhecendo o Pro Controler do WiiU.

The Outsider

O DLC, The Outsider, adiciona um personagem novo, várias armas, vários chapéus e 4 fases novas. As novas fases e o personagem extra do DLC são muito bem integrados à historia, que se não tivesse um pequeno símbolo notando que é parte do DLC nem teria percebido que eram de conteúdo adicional. Uma delas ainda é uma das melhores missões do jogo. E as armas são algumas das mais interessantes, mesmo que um pouco OP (NE: OverPower) em algumas situações.

Veredito

Jogo muito bom, que vale e muito a pena jogar, principalmente se for fã de Steam Punk e jogos de estratégia por turnos, mas, fique avisado que a dificuldade pode ser inconsistente. Já o DLC acrescenta muito ao jogo, mas não sei se todos teriam interesse em pagar 5 dólares por ele.

Saiba Mais:

  • SteamWorld Heist Disponível Para: IOS, PC/Mac/Linux, 3DS, WiiU, PS4, Vita, XBox One e PC. Para o PS4 e Wiiu disponível em versão física que já vem com o DLC e SteamWorld Dig;
  • Site oficial do game: aqui;
  • Pra encerrar, ouçam um pouco de Steam Powered Giraffe (banda SteamPunk que participou da trilha do game):